Jesus é negro. Feliz Páscoa!
- Publicado:21 de abril de
201914:08
- AuthorThais Bernardes
Séculos e séculos de
eurocentrismo levaram boa parte da humanidade a ter certeza de que Jesus era
loiro de olhos azuis. Tal afirmação é geneticamente impossível. Sim vamos falar
de lógica e fé, vamos desconstruir a imagem mais conhecida de Jesus Cristo: um
homem branco, barbudo, de longos cabelos castanhos claros e olhos azuis. Essa
imagem está no inconsciente e nos altares dos cerca de 2 bilhões de cristãos no
mundo. Ela nada mais é do que uma construção que em nada tem a ver com a
realidade. Dizer que Jesus é loiro é uma forma dele ser aceito por uma
sociedade eurocêntrica, que foi e é até o presente momento. Aceitamos o sagrado
branco e demonizamos o sagrado negro.
O cristianismo “confunde”
propositalmente nossas mentes ao começar pela Bíblia, conjunto de livros
sagrados cujo Novo Testamento narra a vida de Jesus – e os primeiros
desdobramentos de sua doutrina. No livro não há qualquer menção que indique
como era sua aparência. Onde está escrito nos evangelhos que Jesus era branco
caucasiano? A única coisa que se diz é sua idade aproximada, cerca de 30
anos.
Mas vamos manter a lógica da
razão. Há aproximadamente uns cinco anos uma equipe de arqueólogos da
Universidade de Tel Aviv, em Israel, descobriu uma coleção de pergaminhos
antigos na região de West Bank, mesmo local onde Manuscritos do Mar Morto foram
originalmente descobertos em 1947. Segundo os estudiosos, os documentos datam
entre 408 a.C. a 318 d.C e trazem informações sobre as características físicas
do menino Jesus ao nascer: “A criança era a cor da noite”, diz parte do
fragmento da escritura. “No escuro da noite, nada do bebê podia ser visto,
exceto o branco de seus olhos”, diz outro trecho. Os pesquisadores também
revelaram a existência de Hamshet, que seria o meio-irmão de José, pai de
Jesus. No documento, Hamshet é descrito como “não confiável”, “malfadado” e
também negro.
Concepção artística do designer
gráfico especialista em reconstituição facial forense Cícero Moraes mosta que
judeus que viviam no Oriente Médio no século 1 tinham a pele, o cabelo e os
olhos escuros
Ter um Cristo branco
legitima práticas comerciais racistas e comportamentos abomináveis da
sociedade. Ao afirmar que negros e indígenas eram inferiores, era justificada a
expansão marítima européia, a colonização e a escravidão. Os brancos não vão
adorar um Jesus negro e não poderão utilizar desse argumento para explorar
outros negros.
Mas voltemos às pesquisas, a
ciência e a lógica para comprovar uma coisa que é óbvia: Jesus é negro! O especialista
forense em reconstruções faciais britânico Richard Neave utilizou conhecimentos
científicos para chegar a uma imagem que pode ser considerada próxima da
realidade. Em um documentário produzido pela BBC em 2011, Richard analisou três
crânios do século 1, de antigos habitantes da mesma região onde Jesus teria
vivido. O pesquisador recriou em uma modelagem 3D, como seria um rosto típico
dos habitantes daquela região, que poderia muito bem ter sido o de Cristo
Após anos de pesquisa a
historiadora neozelandesa ,Joan E. Taylor, também concluiu o óbvio, Jesus tinha
a pele escura. Segundo ela, os judeus da época eram biologicamente semelhantes
aos judeus iraquianos de hoje, com cabelos castanho-escuros ou pretos,
olhos castanhos, pele escura. Um homem típico do Oriente Médio.
É louco ter que explicar que
não tem como nascer um loiro de olho azul e cabelos lisos em uma região onde
toda a população não é assim. Seria como acreditar que nasceu numa aldeia
indígena, filho de indígenas, uma criança loira de olhos verdes. Não tem como.
Quando analisamos a fisionomia de homens do deserto, gente que vive sob o sol
intenso, é lógico que isso de Jesus loiro não é verdade. Ele pode até ter
existido, mas caucasiano não era.
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