Friday, September 8, 2023

2 - Epistemologia dos Magos / Tomas More


Complexidade, Caos e Auto-organização

Luiz Antônio Moro Palazzo

Universidade Católica de Pelotas

Escola de Informática

lpalazzo@atlas.ucpel.tche.br

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Resumo

Este artigo introduz um conjunto de conceitos provenientes de estudos teóricos e empíricos na ciência do caos e da complexidade com ampla aplicação na modelagem de sistemas computacionais adaptativos, evolutivos de simulação e de otimização em geral. Tais sistemas são aqui considerados sob o ponto de vista de sua organização e dos fenômenos que a provocam e sustentam. Os conceitos de auto-organização, sistemas complexos adaptativos, criticalidade, fronteira do caos e evolução são comentados, destacando-se o modo como estão relacionados na formação de um padrão estrutural coerente observado freqüentemente na natureza. Aborda-se também o emprego desses conceitos na modelagem de sistemas computacionais e suas perspectivas de aplicação como um paradigma para a construção de sistemas complexos de informação.

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1 Introdução

O estudo de sistemas complexos cresceu muito nos últimos anos, não obstante ser o próprio conceito de complexidade definido muito vagamente e segundo diversas teorias alternativas [KOL65] [CHA75] [CRU94]. O termo “complexidade” vem do latim, complexus, que significa entrelaçado ou torcido junto. Isto pode ser interpretado da seguinte maneira: para se ter um sistema complexo é necessário (1) duas ou mais diferentes partes ou componentes e (2) estes componentes devem estar de algum modo interligados formando uma estrutura estável [HEY88]. Aqui se encontra a dualidade básica entre partes que são ao mesmo tempo distintas e interconectadas. Um sistema complexo não pode então ser analisado ou separado em um conjunto de elementos independentes sem ser destruído. Em conseqüência não é possível empregar métodos reducionistas para a sua interpretação ou entendimento. Se um determinado domínio é complexo ele será, por definição, resistente à análise.

A consciência da existência de fenômenos que não podem ser reduzidos às suas partes em separado conduziu ao holismo, que pode ser visto como uma corrente de pensamento oposta ao reducionismo. O holismo propõe a observação de um fenômeno complexo como um todo, ao invés de como uma coleção de partes. Esta visão, entretanto, também negligencia um importante aspecto das entidades complexas: o fato de que elas são compostas de partes distintas, mesmo que essas partes se encontrem em estreito relacionamento.

Considerar um fenômeno como um todo porém significa identificá-lo com uma unidade, isto é, fundamentalmente simples. Na construção de uma ciência da complexidade deve-se portanto buscar uma visão capaz de transcender a polarização entre holismo e reducionismo, permitindo a modelagem de sistemas que apresentam simultaneamente a característica da distinção (sendo portanto separáveis do todo em uma forma abstrata) e da conexão (sendo portanto indissociáveis do todo sem a perda de parte do significado original).

Uma forma simples de modelo que satisfaz simultaneamente esses dois requisitos aparentemente contraditórios é o conceito matemático de rede. Uma rede consiste de nodos e de conexões ou arcos entre os nodos. Estes podem ser vistos como partes de um sistema complexo, enquanto que as conexões irão corresponder às relações que estabelecem entre si. Esta visão tem a propriedade de ser reversível, isto é, pode-se também ver os nodos como conexões entre os arcos, que então são tomados como os elementos componentes.

Assim a abordagem reducionista pode ser pensada simplesmente como um método que tenta eliminar tanto quanto possível as conexões, enfatizando a individualidade dos nodos, enquanto que a abordagem holística elimina tanto quanto possível as distinções entre os nodos. Neste sentido, ambos os métodos “reduzem” um fenômeno complexo a uma representação basicamente mais simples (um conjunto solto de nodos diferenciados ou uma massa de conexões entre nodos iguais), negligenciando uma parte essencial das características do fenômeno.

2 Ordem e Caos

O termo complexidade é por vezes também tomado como um sinônimo de desordem ou caos. Entretanto, somente a noção de desordem não é suficiente para definir complexidade. É necessário também entender o conceito de ordem. Exemplos simples de ordem são estruturas simétricas (p.ex: reticulados cristalinos). A simetria é definida matematicamente como a invariância sob um conjunto de operações ou transformações (não necessariamente um grupo). A principal característica de um sistema ordenado é a sua previsibilidade (espacial ou temporal). Não é necessário conhecer o sistema como um todo para reconstruí-lo ou prever sua estrutura: o sistema é redundante.

Levada ao limite esta definição, na tentativa de produzir um sistema em ordenação máxima, obtém-se um sistema caracterizado pelo fato de ser invariável sob qualquer possível transformação. A única estrutura possível para tal sistema se caracteriza por total homogeneidade: deve ser possível mapear o sistema de uma parte qualquer para outra sem que nenhuma modificação ocorra. Além disso o sistema deve possuir uma extensão infinita, porque de outro modo se poderia imaginar transformações que mapeassem de uma parte do sistema para algum elemento fora de seus limites. Em outras palavras, um sistema de ordenação máxima iria corresponder a um vácuo clássico, isto é, a uma substância estendida ao infinito na qual nenhuma parte, componente ou estrutura interna pode ser distinguida. Tal sistema é claramente o oposto do que se tomou como um sistema complexo, que se caracteriza justamente por possuir uma estrutura interna diferenciada.

desordem, por outro lado, é caracterizada pela ausência de invariância, isto é, pela ausência de transformações (não triviais) que não teriam qualquer efeito distinguível sobre o sistema. No limite isto significa que qualquer parte do sistema, por insignificante que seja, deve ser diferente ou independente de qualquer outra parte. Um exemplo aproximado de tal sistema seria um gás perfeito: em geral a velocidade de duas moléculas diferentes seriam distintas e independentes, não havendo qualquer coordenação sobre as diferentes moléculas. Observado mais de perto entretanto o fenômeno de um gás perfeito apresenta diversas invariâncias: o movimento de uma molécula de gás é contínuo durante o curto intervalo de tempo em que ela não colide com outras moléculas, caracterizado pela conservação de momento. Além disso o espaço entre as moléculas pode ser visto com um vácuo clássico, que como se viu é ordenado.

Em um sistema de máxima desordem deve-se ter partículas com qualquer momento físico aparecendo e desaparecendo em qualquer instante no tempo e qualquer posição no espaço. Um exemplo de tal sistema é o vácuo como é visto pela teoria quântica. As flutuações quânticas do vácuo continuamente criam e destroem partículas virtuais, assim denominadas porque são tão instáveis que em princípio são impossíveis de observar. Na prática isto significa que o vácuo quântico não pode ser distinguido do vácuo clássico. Isso conduz à conclusão de que tanto a perfeita ordem quanto a perfeita desordem no limite correspondem ao vazio, isto é, à ausência de qualquer forma de complexidade.

3 Dinâmica

O passo seguinte no estudo da complexidade corresponde à análise de como um sistema complexo evolui, isto é, como ele se modifica ao longo do tempo. A invariância limitada postulada na seção anterior não se aplica somente a transformações geométricas ou espaciais, mas também a transformações temporais ou dinâmicas. Isto significa que certas partes ou estruturas do sistema serão conservadas durante uma certa evolução de tempo enquanto que outras irão se modificar. Até aqui esta descrição parece bastante trivial: uma parte do sistema se modifica enquanto que outra permanece sem modificações. É necessário entretanto algum método para identificar quais os subsistemas que irão mudar e quais os que irão permanecer inalterados.

A evolução de sistemas complexos, de acordo com esta visão, é caracterizada por um intrincado emaranhado de ordem ou invariância e desordem ou variação. Suponha-se que haja uma subestrutura relativamente invariante (isto é, não afetada por um certo conjunto de transformações) em um sistema complexo. Isto significa que enquanto os processos internos do sistema pertencerem a esta categoria de transformação a subestrutura irá permanecer invariável. Na evolução biológica o agente de seleção é o ambiente, que demanda uma certa forma de adaptação do sistema, que de outro modo não irá sobreviver. No estudo da complexidade entretanto, sem fazer uma distinção a priori entre um sistema e seu ambiente externo não é possível empregar tal critério. A distinção entre o sistema que tenta sobreviver e seu ambiente, que pode permitir ou dificultar esta sobrevivência, é por si só uma característica dos sistemas complexos em geral. Discorrer sobre a sobrevivência de um subsistema em um todo maior implica em que se deve ter alguma maneira de reconhecer tais subsistemas invariantes inseridos em ambientes em evolução. Em outras palavras os subsistemas estáveis devem ser distinguidos como indivíduos. A dinâmica de variação-restrição é o princípio sobre o qual se baseia a invariância relativa das distinções em sistemas complexos.

O princípio da variação e retenção seletiva [HEY88] foi elaborado a partir deste ponto de vista. Por definição um sistema complexo consiste em um certo número de subestruturas distintas submetidas à variação. Como a variação não é absoluta ou completa, essas subestruturas deverão apresentar alguma invariância ou estabilidade. Isto significa que as subestruturas não irão mudar todas ao mesmo tempo. Há alguma forma de inércia ou continuidade que limita a mudança. Isto permite considerar uma subestrutura como possuindo uma identidade estável durante um certo (talvez infinitesimal) espaço de tempo. O que pode então mudar durante este intervalo? Tanto as relações ou conexões entre a subestrutura considerada e as demais quanto a organização interna das partes da subestrutura mudam. O primeiro processo pode ser denominado (re)combinação e o segundo mutação.

4 Auto-organização

Outra questão fundamental é: “De onde vem a ordem?” Segundo as leis gerais da termodinâmica parece que os processos dinâmicos tendem a seguir os caminhos de menor consumo de energia até que o sistema encontre um ponto de equilíbrio onde permanecerá enquanto não sofrer perturbação. Há diversos exemplos na natureza de sistemas e organismos que apresentam elevada energia e organização internas em aparente desafio às leis da física. Alguns deles são:

  • Partículas de limalha de ferro que se alinham segundo as linhas de força do campo magnético a que são submetidas;

  • Partículas d’água que suspensas no ar formam nuvens;

  • Formigas ou abelhas que crescem a partir de um zigoto até formar um complexo sistema de células que então por sua vez participa de uma sociedade altamente estruturada e hierarquizada.

A organização surge espontaneamente a partir da desordem e não parece ser dirigida por leis físicas conhecidas. De alguma forma a ordem surge das múltiplas interações entre as unidades componentes e as leis que podem governar este comportamento não são bem conhecidas. A perspectiva comportamental de um sistema auto-organizável poderia revelar como padrões espaciais e temporais - tais como caminhos, limites, ciclos e sucessões - poderiam surgir em comunidades heterogêneas complexas. O entendimento dos mecanismos de auto-organização pode conduzir à construção de modelos mais informativos e precisos. Os primeiros modelos de formação de padrões utilizados baseavam-se em uma abordagem top-down onde os parâmetros descreviam os níveis mais altos dos sistemas. Segundo este enfoque a dinâmica das populações é representada também em seus níveis mais elevados e não como resultado da atividade que ocorre ao nível mais baixo dos indivíduos.

A abordagem top-down viola dois princípios básicos dos fenômenos populacionais, que são individualidade e localidade [KAW94]. A individualidade tenta levar em conta as diferenças entre os indivíduos. Tais diferenças, ainda que muito pequenas, podem conduzir a resultados radicalmente diferentes na evolução das populações ao longo do tempo. Por localidade pretende-se significar que cada evento possui uma localização e um escopo de influência. Ignorar a localidade dos eventos obscurece fatores que poderiam contribuir para uma visão mais clara da dinâmica espaço-temporal dos sistemas.

5 Pré-condições da Auto-organização

É necessário a um sistema satisfazer diversas pré-condições e valer-se de vários mecanismos para promover a auto-organização [NIC89] [FOR94]. Tais mecanismos são de certa forma redundantes e pouco definidos, entretanto permitem avaliar intuitivamente o potencial de auto-organização dos sistemas. São eles:

  • Abertura Termodinâmica: Em primeiro lugar o sistema (uma unidade reconhecível, tal como um órgão, um organismo ou uma população) deve trocar energia e/ou massa com o seu ambiente. Em outras palavras, deve haver um fluxo não-nulo de energia através do sistema.

  • Comportamento Dinâmico: Se um sistema não está em equilíbrio termodinâmico, a única opção que resta para o seu comportamento é assumir algum tipo de dinâmica, significando que o sistema encontra-se em contínua mudança.

  • Interação Local: Uma vez que todos os sistemas naturais apresentam inerentemente interações locais, esta condição parece ser um importante mecanismo para a auto-organização e como tal deve ser incorporada aos modelos que a representam.

  • Dinâmica Não-Linear: Um sistema com laços de feedback positivo e negativo é modelado com equações não-lineares. A auto-organização pode ocorrer quando existem laços de feedback entre as partes componentes do sistema e entre estes componentes e as estruturas que emergem em níveis hierárquicos mais altos.

  • Grande Número de Componentes Independentes: Uma vez que a origem da auto-organização recai nas conexões, interações e laços de feedback entre as partes dos sistemas, torna-se claro que sistemas auto-organizáveis devem possuir um grande número de componentes.

  • Comportamento geral independente da estrutura interna dos componentes: Isto quer dizer que não importa do que ou como são feitos os componentes do sistema, desde que eles façam as mesmas coisas. Em outras palavras, isto significa, que a mesma propriedade emergente irá surgir em sistemas completamente diferentes.

  • Emergência: A emergência é provavelmente a noção menos conhecida dentre as que se relacionam com auto-organização [CRU94]. A Teoria da Emergência diz que o todo é maior do que a soma das partes e o todo exibe padrões e estruturas que surgem espontaneamente do comportamento das partes..

  • Comportamento geral organizado e bem definido: Desconsiderando a estrutura interna de um sistema complexo e observando-o apenas como um fenômeno emergente constata-se que seu comportamento é bastante preciso e regular.

  • Efeitos em Múltiplas Escalas: A emergência também aponta para interações e efeitos entre múltiplas escalas nos sistemas auto-organizáveis. As interações em pequena escala produzem as estruturas em grande escala as quais por sua vez modificam a atividade na pequena escala.

6 Estruturas de Feedback

Uma estrutura de feedback é um laço causal, uma cadeia de causas e efeitos que forma um anel. Dentre essas estruturas, a mais simples é o feedback de reforço, também conhecido como efeito bola-de-neve ou ciclo vicioso. A principal característica do feedback de reforço é ser auto-amplificador. Quanto mais complexo um sistema (seres vivos, por exemplo) maior o número de estruturas de feedback que apresenta. Tem sido observado que sistemas que apresentam feedback tendem a desenvolver propriedades completamente novas. Este fenômeno, como já se viu, denomina-se emergência e as novas propriedades do sistema são ditas propriedades emergentes.

A metáfora da bola que rola e cresce ao mesmo tempo em que aumenta a velocidade ladeira abaixo além de representar muito bem o fenômeno demonstra também dois modos completamente diferentes de perceber o processo. A bola de neve apresenta dois movimentos diferentes: quando se acompanha a bola com os olhos, verifica-se que ela possui um movimento circular de rotação sobre si própria. Por outro lado, quando se observa a bola rolando ladeira abaixo vê-se que sua trajetória descreve uma linha reta. Os dois movimentos correspondem a duas formas fundamentalmente diversas de perceber o tempo.

Na tradição científica ocidental adota-se em geral a visão linear. O tempo é visto como passado, presente e futuro dispostos sobre uma linha. O presente é um ponto sobre esta linha, movendo-se em direção ao futuro e deixando o traço do passado atrás de si. Na visão linear as causas estão sempre atrás dos efeitos. Isto entretanto não é o caso na visão circular, onde causa e efeito estão conectados em um ciclo. Não faz sentido falar em “na frente de” ou “atrás” em uma trajetória circular onde qualquer ponto está ao mesmo tempo na frente e atrás de outro ponto. A verdade é que cada uma dessas visões necessita da outra, pois correspondem a duas diferentes perspectivas de um mesmo fenômeno. A metáfora da bola de neve mostra claramente como estas duas perspectivas podem ser combinadas: um feedback é uma estrutura circular rolando sobre um tempo linear.

Figura 1

Duas visões complementares para estruturas de feedback



7 O Efeito Dominó

A onda é um padrão muito comum, considerado por alguns como emergente. Um dos exemplos que melhor descrevem uma onda é o efeito dominó. Causa grande impressão observar dominós cairem sucessivamente, derrubados pela queda de seus antecessores, produzindo assim uma onda. Entretanto, se este é um padrão emergente, deve haver um ciclo em algum lugar. Observando cuidadosamente o efeito dominó pode-se considerar o mesmo comparável ao efeito produzido por uma esfera invisível, rolando sobre os dominós e derrubando-os em seqüência. Visto desta maneira, o efeito dominó lembra em muito o efeito bola de neve anteriormente citado. A esfera invisível possui o mesmo movimento e, como a bola de neve, deixa um rastro: os dominós tombados atrás de si. A visão circular do fenômeno é vista na Figura 2. Apesar das grandes diferenças, o efeito bola de neve e o efeito dominó compartilham a mesma estrutura subjacente e resultam portanto bastante similares. Esta similaridade, entretanto, permanece invisível a menos que se adote também a visão circular do fenômeno. No caso do efeito dominó, a representação adotada pode parecer estranha, tomando o efeito (a onda) pela causa imaterial (a esfera invisível), no entanto não se deve esquecer que ambos representam apenas diferentes visões de uma mesma estrutura de feedback.

Figura 2

Visão circular do efeito dominó

8 Meta-balanceamento

Freqüentemente comportamentos muito organizados surgem em sistemas de extrema complexidade. Exemplos óbvios disto são os organismos vivos. Bilhões de células interagem apresentando um comportamento notavelmente organizado. Ainda que os diversos fenômenos emergentes que ali ocorrem sejam muito diferentes uns dos outros, eles possuem algo em comum. Um conceito muito importante que conecta todos os fenômenos emergentes é o meta-balanceamento. Este é um conceito considerado chave para o entendimento da emergência. Um sistema meta-balanceado é um sistema que pode ser visto de duas diferentes perspectivas. A nível de detalhe o sistema está completamente desbalanceado, entretanto, de uma perspectiva global, o sistema parece ser estável e ordenado. O curioso aqui é que o sistema precisa estar desbalanceado internamente para produzir ordem global.

Este é talvez um dos aspectos menos intuitivos da teoria dos sistemas. Corresponde a afirmar que a maneira de produzir estabilidade emergente em um sistema é conduzi-lo internamente a um estado desbalanceado. O conceito entretanto é fácil de demonstrar. Tanto o efeito bola de neve quanto o efeito dominó são fenômenos meta-estáveis. No efeito dominó, por exemplo, há um comportamento claramente estável e ordenado no sistema - a onda. Mesmo assim o comportamento observado individualmente em cada dominó é de desequilíbrio. A esfera invisível é formada pelos dominós que caem e rola exatamente no ponto em que estes tombam, desbalanceados.

Um sistema dito balanceado ou em balanço é um sistema que não dispende energia. Consequentemente um sistema está desbalanceado quando dispende energia. Assim, para provocar o surgimento de fenômenos emergentes nos sistemas é necessário fazê-los dispender energia. Além disso deve-se continuamente alimentá-los com novos componentes e energia para sustentar o meta-balanceamento. Assim o efeito dominó somente pode ser mantido enquanto houver um novo dominó em pé na frente do que está caindo. Em outras palavras, é necessário alimentar-se constantemente a esfera invisível com novos dominós para mantê-la desbalanceada. Da mesma forma como a bola de neve precisa ser alimentada com mais neve para manter-se crescendo. Deste modo, ao contrário dos sistemas estáveis, sistemas meta-estáveis consomem muita energia. Em resumo, o conceito de meta-balanceamento é uma propriedade universal de todos os fenômenos emergentes.

9 Sobrevivência e Uniformidade

Quando se observa a onda de dominós (ou uma onda no oceano ou qualquer outra onda) tem-se a sensação que ela de algum modo sobrevive de um momento para o seguinte, isto é, a onda se apresenta como sendo única e de duração prolongada no tempo. A questão é que quando a onda se auto-reproduz, avançando para o momento seguinte, ela o faz a partir de componentes diferentes. Assim, se a onda emergente for observada da perspectiva dos dominós ela não será a mesma onda. Isto é verdadeiro para todos os fenômenos emergentes.

Na esfera dos seres humanos tem-se a sensação de sobreviver de um instante para outro, no entanto o que realmente ocorre é um contínuo processo de substituição de componentes. Nova energia e novas moléculas fluem continuamente no organismo humano, onde o ciclo de substituição ao nível molecular dura cerca de sete anos. Este é o período em que todas as moléculas do corpo humano são substituídas por novas. No efeito dominó o ciclo dura apenas uma fração de segundo. Assim, quando se fala em sobrevivência e uniformidade deseja-se referir a estrutura do sistema. Ainda que todos os componentes do sistema serem substituídos por novos, sua estrutura permanece fundamentalmente a mesma. Ficam assim evidentes as razões pelas quais os conceitos discutidos acima precisam ser considerados em conjunto, conforme a Tabela 1.

Tabela 1

Conceitos complementares segundo diferentes visões

Visão Circular

Visão Linear

Estrutura

Perspectiva Global

Meta-balanceamento

Esfera Invisível

Padrão

Perspectiva do Componente

Desbalanceamento

Onda



10 Sistemas Complexos

A teoria da complexidade se relaciona muito de perto com a teoria dos sistemas. Ambas por sua vez estão relacionadas com a teoria do caos e com a cibernética. A grosso modo esse relacionamento pode ser resumido como se apresenta na Tabela 2

Tabela 2

Objetos de diferentes teorias


Sistemas

Comportamento

Teoria dos Sistemas

simples

simples

Teoria da Complexidade

complexos

simples

Teoria do Caos

simples

complexo

Cibernética

complexos

complexo



A teoria dos sistemas e a teoria da complexidade se sobrepõem e são baseadas nos mesmos princípios. Qual seria então a necessidade de duas disciplinas distintas? A razão principal parece ser o fato de que ambas pertencem a duas diferentes tradições científicas, entretanto há certamente outros motivos. Nem todos os sistemas são tão simples como a galinha e o ovo. Em um sistema constituído por milhões de componentes seria quase impossível projetar uma estrutura circular descrevendo todos os possíveis laços de feedback. Somente é possível esquematizar o feedback de uma forma muito geral, como é mostrado na Figura 3.

Figura 3

Feedback em sistemas complexos

Como o diagrama sugere, há um relacionamento circular entre a estrutura global do sistema e as interações locais entre os componentes. A estrutura global pode ser definida como a rede de todos os relacionamentos locais, que é produzida e mantida em um dado momento pelo total de interações que ocorrem neste momento. Cada um e todos os componentes do sistema interagem com seus vizinhos imediatos, modificando assim a estrutura global. Uma vez que cada componente responde à estrutura global, então o comportamento de cada indivíduo é determinado pelo todo. Ao mesmo tempo a resposta independente de todos os componentes em um dado momento produz o todo do momento seguinte. Um exemplo de sistema complexo é uma sociedade. Uma sociedade consiste em muitos componentes independentes interagindo localmente. O estado corrente da sociedade é a estrutura global. Cada um e todos os indivíduos respondem ao estado corrente e portanto criam o novo estado da sociedade no momento seguinte e assim por diante. Assim um sistema complexo pode ser definido como sendo constituído por muitos componentes independentes que interagem localmente produzindo um comportamento geral organizado e bem definido independente da estrutura interna dos componentes.

11 Vórtices

Redemoinhos em águas revoltas e tornados em céus turbulentos são exemplos perfeitos de vórtices. O curioso sobre os vórtices é que parece haver alguma força em seus centros sugando grandes massas a partir de um ponto impreciso. Isto entretanto é apenas uma ilusão ocasionada pelo movimento das massas em círculo. Se estas forem removidas do vórtice não resta absolutamente nada. É como remover as cascas de uma cebola esperando encontrar algo em seu interior. Entretanto, observando-se os vórtices, fica claro que existe uma força em algum lugar. Onde está ela? A resposta é talvez uma das mais importantes noções da ciência da complexidade: ela vem de dentro do sistema. Ainda que na aparência uma força externa esteja organizando o vórtice, são as próprias massas em movimento circular que animam o fenômeno. Uma das razões pela qual este conhecimento é tão importante é que ele encerrou a longa disputa entre o vitalismo e o materialismo. Os vitalistas defendiam a idéia de que a existência da vida depende de uma força vital, enquanto que os materialistas acreditavam não ser necessária nenhuma força externa para produzir vida. O estudo dos vórtices mostra que ambas as visões estão corretas. Os vitalistas, bastante acertadamente, identificaram uma força vital, que corresponde à força de sucção ilusória existente no centro do vórtice. A visão materialista é também correta, uma vez que tal força vital emerge do interior do sistema. Nada do exterior está organizando o vórtice. A força vital é real, mas não existe no sentido usual de existência, possuindo o que se denomina uma hiper-existência. Para que ocorra a hiper-existência é necessário satisfazer as seguintes condições:

  1. O fenômeno emergente deve estar incorporado,

  2. Os componentes do sistema devem estar desbalanceados, e

  3. Deve haver feedback no sistema.

Todas essas três condições são satisfeitas pelos vórtices: (1) Um vórtice não pode emergir no vácuo, ele necessita estar incorporado em um meio físico. Isto corresponde à primeira parte da definição de um sistema complexo: um sistema complexo consiste em muitos componentes independentes. (2) Um vórtice não pode emergir a menos que as massas de ar ou água que o compõem estejam em movimento (desbalanceadas). Finalmente, (3) um vórtice é por si próprio uma estrutura circular, possiblilitando a ocorrência de feedback. Quando essas três condições são satisfeitas, a força ilusória de sucção emerge no centro do vórtice.

12 Ressonância

Além do efeito bola-de-neve, do efeito dominó e do vórtice, há um quarto fenômeno emergente que deve ser observado: a ressonância. Como se verá a seguir a ressonância possui exatamente as mesmas propriedades das três outras estruturas. Além disso, enfatiza outras importantes propriedades dos sistemas complexos. No sentido usual com que a palavra é empregada, ressonância é um som prolongado por um processo repetitivo. Pode ser produzida pelo uivo do vento, por um apito, por uma guitarra elétrica ou um órgão tubular. A definição técnica de ressonância é basicamente a mesma, exceto que não está restrita a ondas sonoras, generalizando a idéia para qualquer tipo de onda. O que se denominou processo repetitivo é exatamente algum tipo de feedback. Na Figura 4 apresenta-se um tipo de ressonância sonora que é um problema comum entre os músicos.

Figura 4

Ressonância sonora



O som captado pelo microfone é amplificado e retorna ao ambiente através do alto-falante. Daí este som amplificado passa a ser também captado pelo microfone e a bola de neve começa a rolar novamente. O resultado audível é um som muito agudo e alto que pode inclusive danificar equipamentos mais sensíveis. Uma análise do espectro deste som mostra a evolução emergente de um pico senoidal, que cresce e se torna cada vez mais alto, terminando em uma única freqüência, como é mostrado na Figura 5. Este é o padrão característico de desenvolvimento de uma onda de ressonância A novidade aqui é a redução de informação: o som original, composto de muitas freqüências, termina em uma única freqüência.

Figura 5

Ressonância como um redutor de informação



Em outras palavras, a ressonância age como um filtro emergente. Sua estrutura de feedback filtra todas as freqüências deixando apenas uma. Mas, além de filtrar todas as outras freqüências, ela amplifica a freqüência restante. Por esta razão a ressonância é considerada um filtro ativo na teoria dos filtros. Deve-se notar aqui a similaridade entre o vórtice e a ressonância. No vórtice há uma força ativa no centro que suga a matéria em sua direção. Na ressonância um sistema de freqüências é sugado e aprisionado em um único padrão.

13 Evolução

Viu-se então que as estruturas de feedback podem atuar como filtros emergentes, caracterizando processos de redução de informação. Este processo pode ser entendido como uma forma de seleção. Há cerca de 150 anos atrás, o grande biólogo Charles Darwin descobriu que o mecanismo de evolução biológica correspondia exatamente a um processo de seleção, que ele denominou seleção natural, e que este processo nada mais era do que a sobrevivência do melhor adaptado. Os organismos que não se adaptaram ao longo da cadeia evolutiva foram extintos, isto é, filtrados para fora do processo. Darwin viu os organismos como se fossem máquinas perpétuas, atravessando um processo de filtragem natural. Somente as verdadeiramente perpétuas conseguiam atravessar o filtro. O significado de uma máquina perpétua no contexto da complexidade é o de mecanismos capazes de perpetuar sua execução e de se reproduzir. Os organismos vivos caem exatamente na categoria das máquinas perpétuas.

Os organismos agem como se imbuídos da seguinte missão: manter-se em funcionamento por tempo suficiente para produzir cópias de si próprios. Para manter-se em funcionamento necessitam de um contínuo fluxo de energia e matéria através de si próprios. Em outras palavras, necessitam comer. Em comparação se poderia dizer que um carro mantém-se em movimento comendo gasolina. Isto não significa, evidentemente, que o carro esteja vivo. O problema é que o carro não faz nenhum esforço de moto próprio para obter mais gasolina. Os organismos deveriam ao menos usar a energia proveniente de seu alimento para obter mais alimento e então reproduzir-se. Analogamente, na seleção natural, os que não forem capazes de obter alimento e reproduzir-se (isto é, os inadequados) serão retidos pelo filtro.

A seleção natural não é somente um filtro, ela é também uma ressonância que amplifica os organismos adequados enquanto que os inadequados vão sendo retirados de cena. Entretanto, para ser realmente criativa a seleção natural precisa estar desbalanceada. Como desbalancear um sistema biológico? A resposta é: levar os organismos a competir por recursos limitados. Quando os organismos competem eles tornam a própria adequação instável. O que hoje é adequado pode não o ser amanhã. Um cenário de adequação dinâmica é fonte de novos fenômenos emergentes que tornam a seleção natural mais do que um mero processo de filtragem passiva. A adequação dinâmica produz criatividade e inteligência. Este é o fenômeno emergente mais importante de todos, porque abre o caminho para a evolução da evolução. Isto pode ser constatado na seleção natural, na evolução da mente e na evolução cultural dos povos.

Sistemas complexos são todos constituídos de outros todos. Um relógio, por exemplo, não é um sistema complexo por ser constituído de partes e não de todos. A remoção de uma mola traz conseqüências fatais para o relógio, que simplesmente deixa de funcionar. Um sistema complexo, por outro lado, não é criticamente dependente de seus componentes, que por sua vez são outros todos. Se uma célula morre ou uma formiga se perde isto tem pouco efeito sobre o sistema ao qual pertencem. Para estar em meta-balanceamento um sistema complexo precisa estar desbalanceado ao nível dos componentes. Como colocar sistemas complexos em desbalanceamento? Simplesmente dando independência e liberdade a seus componentes. Sistemas complexos são meta-estáveis porque são constituídos de todos independentes que interagem. Quanto mais liberdade possuem os componentes, mais desbalanceado se torna o sistema e isto é fonte de mais meta-estabilidade global. Tudo isto traz claras evidências de que a natureza de alguma forma oscila entre o caos e a ordem.

14 A Fronteira do Caos

Sistemas auto-organizáveis apresentam freqüentemente uma forma altamente complexa de organização. As colmeias, por exemplo, tem padrões óbvios e regularidades mas não são estruturas simples. Elementos estocásticos afetam a estrutura e a dinâmica de uma colmeia obtendo respostas variáveis e não determinísticas. Da mesma forma as nuvens, padrões climáticos, correntes nos oceanos, assembléias comunitárias, economias e sociedades, todos exibem formas complexas de auto-organização.

Não há uma definição geral apropriada para complexidade, apesar desta ser considerada de muitas formas. Intuitivamente a complexidade encontra-se em algum lugar entre a ordem e o caos, entre a superfície espelhada de um lago e a turbulência de um maremoto. A complexidade tem sido medida através de entropia métrica, profundidade lógica, conteúdo de informação e outras técnicas semelhantes. Estas medidas são adequadas a aplicações específicas da química e da física mas nenhuma delas descreve completamente as características da auto-organização.

Uma forma de abordar o estudo da complexidade, considerando a ausência de uma definição satisfatória, é descrever um certo espaço, compreendido entre a ordem e o caos, denominado a fronteira do caos [PAC88, LAN90, KAU91, KAU93]. Em 1990 Chris Langton [LAN90] conduziu um experimento empregando autômatos celulares (AC), onde tentava descobrir sob que condições um AC simples poderia suportar primitivas computacionais, tais como transmissão, armazenamento e modificação de informações. Em seu experimento um AC unidimensional é composto por 128 células conectadas em círculo. Cada célula apresenta quatro possíveis estados internos e recebe todos os seu inputs das demais células em sua região, denominada sua vizinhança. A vizinhança definida por Langton era constituída por cinco células. Cada célula é considerada membro de sua própria vizinhança, juntamente com suas duas células vizinhas de cada lado. O estado interno das células no momento seguinte é determinado pelo estado de sua vizinhança e alguma função de transição que descreve qual o novo estado que a célula deve assumir para um dado estado de sua vizinhança. Assim o estado da vizinhança é associado com a transmissão, o estado interno do autômato com o armazenamento e a função de transição com a modificação da informação.

Para determinar como a ordem e o caos afetavam a computação, Langton formulou um valor lambda que descrevia a probabilidade de uma dada vizinhança produzir em uma célula um determinado estado interno particular, denominado estado quiescente. Quando lambda assumia o valor zero, todas as vizinhanças moviam uma célula para o estado quiescente e o sistema era imediatamente organizado. Por outro lado, quando lambda assumia o valor 1 nenhuma vizinhança se movia para o estado quiescente e o sistema mantinha-se desordenado.

O experimento de Langton mostrou a existência de um valor crítico para lambda, correspondendo a pontos de transição de fase, em cuja proximidade a organização computada pelo sistema é máxima. Por outro lado, caso esse valor fosse ultrapassado, o caos surgia muito rapidamente. Segundo Langton, devido a associação da computação com tal valor crítico, um sistema auto-organizado precisaria manter-se na fronteira do caos para conseguir computar a própria organização.

As transições de fase nem sempre ocorrem de forma brusca como quebra entre dois estágios. Por exemplo, a passagem de um líquido do ponto de congelamento para o de ebulição se dá de forma gradual entre um estado e outro. Entretanto, a transformação do estado líquido para o gasoso nas vizinhanças de temperatura de ebulição se dá num espaço muito estreito entre os dois estados. Após um aquecimento gradual ocorre uma mudança brusca para o estado de gás, de forma que as duas fases são claramente distintas, separadas por uma estreita região que apresenta as condições de transição de fase. O estudo de tais regiões é normalmente muito útil para a previsão das propriedades do sistema ou substância em diferentes condições.

15 Criticalidade Auto-organizada

Em um estudo pioneiro, Per Bak e seus colaboradores. [BAK88] investigaram o comportamento de sistemas dinâmicos espacialmente estendidos empregando simulações em computadores de um modelo que haviam desenvolvido e denominado “monte de areia”. Neste modelo grãos de areia vão sendo continuamente depositados sobre uma mesa. Em um certos momentos o monte está tão alto quanto possível para sua base e então a areia escorrega pela encosta aumentando a base e permitindo ao monte continuar crescendo. O monte de areia é muito sensível a perturbações (se a mesa for sacudida mais areia cai pelas encostas) mas os valores obtidos para a inclinação máxima do monte de areia, apesar de não se apresentarem absolutamente regulares, flutuam dependendo das condições iniciais e da perturbação exercida sobre o sistema. Devido a este equilíbrio estável, ainda que precário, Bak e sua equipe concluíram que o sistema se apresentava em estado crítico. Além disso notaram que o sistema se auto-organizava em direção ao estado crítico sem necessidade de nenhum ajuste ou sintonia: quaisquer que fossem as condições iniciais o sistema tendia sempre ao estado crítico. Este fenômeno recebeu a denominação de criticalidade auto-organizada. Especula-se que este conceito possa ser fundamental para a escalabilidade espacial e temporal em sistemas dissipativos em desequilíbrio.

Sole e Manrubia [SOL95] usaram a teoria de Bak para examinar se o desenvolvimento de florestas exibia criticalidade auto-organizada. Sabendo que a queda de árvores e formação de clareiras é vital para a dinâmica das florestas tropicais eles propuseram que a distribuição e abundância de clareiras seria um indicativo do estado organizacional da floresta. Testando esta hipótese eles propuseram que as clareiras da floresta existente na ilha de Barro Colorado iriam apresentar uma distribuição auto-similar em multiescala. Esta hipótese foi sustentada tanto por dados empíricos quanto por simulações em computadores denominadas o jogo da floresta. Além disso as florestas simuladas também apresentaram propriedades fractais. Uma abordagem semelhante foi empregada no estudo de colônias de formigas do gênero leptothorax onde se verificou que a existência de uma densidade crítica de indivíduos que possibilita a informação máxima da colônia. Quando esta densidade é atingida, a colônia desenvolve pulsos de atividade que exibem auto-similaridade.

16 Sistemas Complexos Adaptativos

Em sistemas bióticos, um elemento importante na lista de mecanismos e condições que caracterizam a auto-organização é a habilidade que os agentes apresentam de se adaptar ao meio em que se encontram. Isto significa que os agentes são capazes de alterar suas funções internas de processamento de informações. Sistemas que apresentam tal característica são denominados sistemas complexos adaptativos (SCA) [HOR95]. No modelo de Langton as células seriam capazes de sintonizar suas regras de transição (e conseqüentemente seus valores lambda) ao longo do espectro entre o caos e a ordem. Em colônias de formigas leptothorax isto significa que as formigas que inicialmente não respondiam à modificações na densidade da colônia, ou o faziam de maneira adversa, acabariam por adaptar suas respostas de modo a conduzir à criticalidade auto-organizada. Ao se considerar a adaptação, uma série de novas questões sobre sistemas auto-organizados surgem: Quais são os mecanismos da adaptação? Sob que condições eles são possíveis? Este movimento se dá sempre na direção da criticalidade auto-organizada?

Em termos evolutivos a criticalidade auto-organizada seria obtida através das condições para a evolução (variação fenotípica individual, reprodução em excesso e herança de características genéticas). Uma população seria capaz de adaptar-se através da herança de variações genéticas introduzidas por mutação e recombinação. A causa da criticalidade auto-organizada seria a seleção natural. Uma população poderia evoluir na direção de um estado crítico porque a seleção natural removeria as variantes do sistema que se afastassem do estado crítico.

Stuart Kauffman [KAU91, KAU93, KAU95] desenvolveu uma rede booleana para a modelagem de SCA. Em seu modelo N unidades, cada uma das quais capaz de assumir A estados e conectada a K outros agentes são mapeadas em um panorama K-dimensional que expressa topograficamente todos os estados possíveis do sistema. Kauffman associou valores de adequação a cada um dos A estados assumidos por uma unidade de modo que quando os estados do sistema eram calculados através das K conexões entre N agentes, apareciam picos de adequação no panorama, representando estados ótimos do sistema. No modelo de Kauffman é possível obter panoramas em um sistema adaptativo para representar agentes, genomas, populações, etc. Sobrepondo diversos destes panoramas para estudar a co-evolução, Kauffman descobriu que K é um dos principais determinantes do grau de organização dinâmica de um sistema complexo.

17 Aplicações de Sistemas Auto-organizáveis

Apesar de exigir ainda um grande esforço de pesquisa na construção de uma teoria unificada, o conceito de auto-organização apresenta excelentes perspectivas de aplicação em simulação, modelagem científica e otimização [DEC97].. Mecanismos encontrados em sistemas auto-organizáveis tem sido identificados com possíveis fontes de auto-organização em diversas áreas da física, química, biologia, economia, sociologia, comunicação, informação, educação, etc. [BRO94, HIE94].

Diversos tipos de modelos baseados em indivíduos foram desenvolvidos e pesquisados, incluindo redes de autômatos celulares (AC) [CAS91, LAN94], sistemas de vida artificial (A-Life) [KAW94] e modelos de clareiras em florestas [SHU92]. O interesse em tais modelos reside na possibilidade de aplicar suas propriedades estatísticas em modelos análogos do mundo real.

18 Estudo de Caso: Auto-organização na WWW

O principal atrativo da Internet é a facilidade que oferece à distribuição e comunicação de idéias e conhecimento. Sua estrutura, baseada no princípio da descentralização de operações e controle, possibilita uma interação muito mais direta entre produtores e consumidores de informações do que ocorre por exemplo na área de publicações, na televisão ou na indústria cinematográfica. A World Wide Web (WWW ou simplesmente Web) é o serviço da Internet que maior crescimento apresentou nos últimos anos. Seu maior apelo é oferecer aos seus usuários um interface agradável e relativamente eficiente para o acesso ao conhecimento desejado. Isto é obtido com o uso do protocolo HTTP (Hyper Text Transfer Protocol), que permite integrar a informação e seu interface com o usuário em uma única representação.

A WWW adota o princípio da distribuição na representação de conhecimento, o que significa que este é armazenado como uma rede de nodos e links. Os nodos podem conter qualquer combinação de texto, imagens, som, vídeo, etc. Os links conectam os itens individuais de um nodo para outro de acordo com a preferência de seus autores, formando algo assim uma rede de conceitos conectados através de relacionamentos informais. Os usuários navegam nesta rede perseguindo os links que lhes são significativos entre um nodo e outro. Neste processo empregam uma forma de julgamento associativo que visa conduzir a partir de uma certa posição inicial ao nodo ou nodos que contém a informação desejada.

Assim a organização material da WWW é produzida por seus projetistas que usam suas idéias intuitivas de estruturação do conhecimento e semântica na construção de nodos e sub-redes. Estas contribuições individuais são integradas gradualmente a corpos mais amplos de conhecimento preexistentes na WWW, assim expandindo o conhecimento da rede como um todo. Diversos elementos influenciam neste processo de organização de conhecimento, inclusive fatores psicológicos, lingüísticos, sociais e culturais, interesses e motivações dos autores e usuários das páginas WWW.

Esta organização uma vez materializada na rede assume uma representação dinâmica, objetiva e em geral de duração prolongada. Os novos nodos e links introduzidos modificam-se relativamente pouco ao longo do tempo. As modificações que ocorrem na rede são fruto de procedimentos de atualização, remoção e principalmente adição de conhecimento, sob a forma de nodos e links. Tais procedimentos produzem modificações concretas na rede e em geral são controlados pelos próprios produtores da informação. Eventuais inconsistências decorrentes de modificações materiais na rede, como links para nodos inexistentes ou nodos com features não suportadas por certos browsers, não possuem ainda uma solução satisfatória.

Por outro lado, o que se poderia denominar organização virtual da rede é produzida pelo processo dinâmico de navegação, o qual decorre da percepção semântica associativa dos usuários, ativando determinados links, que lhes parecem mais promissores ou interessantes em detrimento de outros que o são menos. No atual estágio tecnológico da WWW o conhecimento produzido pelo processo de navegação não é registrado sistematicamente, sendo portanto desperdiçado. No entanto - e este é o foco deste artigo - poderia ser empregado na construção de modelos auto-organizáveis de aprendizado associativo, em um sentido muito próximo ao proposto por Bollen em [BOL96], onde a WWW é vista como uma memória associativa de grandes dimensões.

Francis Heylighen [HEY96] propõe que o primeiro passo para tornar uma memória associativa mais eficiente é permitir que ela própria descubra a melhor organização possível para si própria. Na mente humana, conhecimento e significado se desenvolvem mediante um processo de aprendizado associativo: os conceitos que são mais freqüentemente usados juntos se tornam mais fortemente conectados. É possível implementar mecanismos similares na WWW criando associações com base nos caminhos percorridos pelos usuários através da rede de links. O princípio é simplesmente este: os caminhos percorridos por mais usuários se tornam mais fortes, enquanto que links raramente usados se tornam mais fracos.

Uma heurística simples pode então propor possíveis candidatos para novos links: Se um usuário navega de A para B e de B para C, é provável que exista não somente uma relação entre A e B mas também entre A e C (transitividade) e entre B e A (simetria). Desta forma novos links potenciais seriam continuamente gerados (variedade) mas somente aqueles que obtivessem determinada força seriam retidos e tornados visíveis ao usuário (restrição), enquanto que aqueles que não atingissem tal limiar de visibilidade seriam mantidos ocultos. Um experimento realizado sobre um sistema hipertexto adaptativo [BOL96] comprovou a exeqüibilidade desta idéia.

Uma das principais vantagens deste modelo de aprendizado associativo reside no fato de que ele funciona localmente (é necessário armazenar informações sobre nodos que estão no máximo dois passos adiante), mas a auto-organização que ele produz é global. Com tempo suficiente, nodos que se encontrassem a um número arbitrário de passos de distância poderiam se tornar diretamente conectados caso um número suficiente de usuários percorrer o caminho entre eles. O resultado esperado deste processo de aprendizado associativo é que os nodos que mais provavelmente serão utilizados em conjunto estarão também situados mais próximos na topologia da WWW.

Se tais algoritmos de aprendizado pudessem ser generalizados na WWW como um todo, o conhecimento ali existente poderia estruturar-se em uma rede associativa em permanente aprendizado. Cada vez que um novo nodo fosse introduzido seus links iniciariam imediatamente a adaptar-se ao padrão de seu uso e novos links não previstos pelo autor poderiam nele surgir se o seu potencial ultrapassasse um determinado limiar. Uma vez que tal mecanismo de certa forma assimilaria o conhecimento coletivo de todos os usuários da WWW, supõe-se que os resultados obtidos viriam a ser muito mais úteis, abrangentes e confiáveis do que qualquer sistema de indexação concebido segundo os interesses de indivíduos ou grupos. A mesma idéia também se aplica a contextos onde a organização da rede se daria a partir de um determinado ponto de partida - um servidor ou uma rede de servidores em uma organização - espalhando-se sem limites por toda a Web. A rede formada segundo tal principio certamente se aproximaria muito da semântica informal do grupo de usuários considerado, que poderia ser caracterizado sob muitos aspectos a partir desta representação.

O estudo das redes produzidas por auto-organização decorrente da observação da atividade de navegação na WWW pode levar ainda à identificação de estruturas e construções semânticas básicas, capazes de serem recombinadas na formação de representações mais complexas com múltiplas finalidades, tais como a otimização de redes de informações, mapeamento e representação do conhecimento compartilhado por especialistas, o provimento de um padrão para a identificação de idéias, etc.

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2 - Epistemologia dos Magos

Epistemologia Dos magos

 

Pompeo Marques Bonini

 

O que é realidade? Esta pergunta nos leva a refletir sobre quais são os artifícios atravéz dos quais percebemos a realidade, ou nossas ferramentas de percepção da realidade que descrevi anteriormente no livro “Interpretação do mundo” livro este que descreve um passo fundamental na explicação dos processos intermediarios entre a realidade e o sugeito ou seja: suas ferramentas de percepção. Posteriormente escrevi um livro curioso e bastante audaz intitulado “Estratégias empresariais para a otimização do faturamento” que explica de maneira mais detalhada a ultima das ferramentas perceptivas: a trancendental. A pesar de ser um livro que aparentemente fala sobre vendas, é bastante notável o modo como este livro aborda o tema trancendente e o modo como continua o primeiro livro. O livro “Valores da Contemplação” pode se inserir na sequencia como um livro inicial que aborda o aspecto da transcendencia em seu aspecto mais estático contemplativo. Já o livro “Magia e mitologia pessoal”  fala de maneira mais direta sobre o fenômeno magistico.

      Temos portanto quatro livros que possuem um proposito muito similar, e que se complamentam, todos buscam explicar a realidade. Não bastando isso surge aqui um novo progeto... o quinto livro da sequencia!

     Ainda estamos com a mesma pergunta: O que é a realidade? Uma outra maneira de fazer  a mesma pergunta é dizer: quais são as possibilidades e recursos do ser humano? Supostamente muito a estas perguntas esta em parte respondido nos livros anteriores, mas devemos prosseguir em nosso mergulho atravéz das sendas do conhecimento averiguando cada detalhe, buscando cada nuance... e chegando possivel a verdades e conhecimentos que estão além da própria capacidade analítica, ou seja além da própria linguagem... É justamente aí que se encontra um dos nossos principais desafios, já que utilizamos geralmente a linguagem para explicar as coisas, no entanto a linguagem não corresponde propriamente à realidade senão é um recurso utilizado para explica-la, é fato portanto que a realidade esta num âmbito extremamente mais além do que a linguagem, ainda que a própria linguagem após ter sido criada possa ser considerada como real, com elementos simbólicos que dialogam entre si e nos quais há um desenvolvimento especifico... ao mesmo tempo que podemos citar as restrições da linguagem situando-na como uma ferramenta de interpretação da realidade podemos também situala como sendo uma realidade, pois que seria neste caso a realidade senão um objeto que possa ser manipulado pelo homem? A palavra epistemologia indica o estudo critico dos principios, hipoteses e resultados das ciencias já constituidas, estamos aqui considerando a alta e a baixa magia como a mais elevada das ciências sobre o estudo e percepção da realidade, por isto esta posto “Epistemologia dos Magos” ou seja: a epistemologia que os magos fazem da magia, a sua ciência. Visando determinar os fundamentos lógicos, o valor, o alcance e o objetivo da magia... O tema tratado é a magia porque esta é considerada o mais alto grau da percepção da realidade em si, de outra maneira poderiamos chamar a magia propriamente de “realidade” do contrario ela não poderia estar inserida no sistema da realidade, ou seja: se ela não fizesse parte da própria realidade não poderia existir, e se existe é porque não só é real como se compõe em uma das ferramentas interpretativas da realidade, portanto não julgo que a magia seja a realidade mas sim um alto nivel de ferramenta interpretativa da realidade... e que a realidade em si pode se apresentar em diferentes niveis de complexidade conforme é a capacidade interpretativa do sujeito, digamos que existam realidades mais complexas que ainda não estamos nos niveis adequados para percebe-las e conforme desenvolvemos nossas ferramentas interpretativas mais tomamos conta de onde estamos inseridos e de quais são nossos recursos de ação para transformar e intervir sobre a realidade, ora: interagimos diretamente com a realidade modificando-na. Assim temos que a realidade não trata-se de um processo fixo senão em constante interatividade com a pessoa, de tal maneira a depender da pessoa para poder existir... Esta afirmação é arrebatadora pois quer dizer em suma que para tudo o que esta externo existir você também deve existir... ( aquilo que aparentemente esta externamente, que no fundo pode ser um íntimo reflexo do interno, como já citado no livro de “vendas” ) Pode ser real tudo aquilo que é criado em termos conceituais: nisto se enquadra a mitologia e toda a sua força de atuação, deste modo o maior principio da realidade é a criatividade: a atividade de criar idéias e conceitos e fazê-los tornarem-se reais, deste modo a tua realidade vai a té onde vai a tua criatividade, de outra maneira a tua realidade pode ser definida pelos parâmetros não somente que você cria mas também aqueles que você coaduna e recebe de fonte exterior aceitando-a tal como informações, idéias, conceitos, histórias, modos de pensar, modos de entender. È assim que a realidade passa a ser transmitida de uma pessoa para outra, eu diria que a realidade não é uma para todos a menos que todos concordem com isso. É justamente neste aspecto que esta o segredo das estratégias para desvendar os aspectos ocultos da realidade, ir além do usual e sair do comum. Temos de fazer um tipo de movimento contra tudo aquilo que esta em voga em termos de idéias para chegar aos conceitos mais avançados e poder perceber aspectos da realidade que até então estavam ocultos: a sociedade cria alguns campos de realidade que são grupos de idéias afins aos quais determinados grupos de pessoas coadunam: ou seja elas concordam com aquilo e a partir daquele momento aquilo se torna real não só num nivel ideológico como também no nivel espiritual e fisico: vamos então dizer que é possivel aquilo que o sistema no qual você esta permite... Seria possivel outras coisas? Podemos quebrar paradigmas? Neste caso você pode transitar entre sistemas já existentes ou criar o seu próprio sistema de realidade ( que porventura pode vir a entrar em concordância casual com muitos outros sistemas já criados por outras pessoas, ainda que na sua perspectiva você o esteja criando de maneira inusitada ) Estamos num jogo em que o que vale, mais que a sua capacidade de absorção ideológica ou cultural é a sua criatividade. Até onde podemos ir? Qual a nossa capacidade de criar idéias, conceitos, histórias, mitos... jamais antes vistos, inauditos para assim dizer... Pois se dissermos que a realidade é infinita isto quer dizer que ela esta apenas esperando você criar e experimentar sua própria criação, não somente a realidade seria infinita em termos de possibilidade mas também em termos de apresentar-se num só tempo mais complexa e elaborada, e sua capacidade de perceber este maior nivel de complexidade e elaboração também fica gradativamente  com maior sofisticação, de outra maneira: você é um criados que cria de maneira cada vez mais complexa, a realidade como um reflexo de sua criação passa a ser mais complexa, no entanto ainda que você tenha criado algo mais complexo que o usual você ainda não é capaz de perceber tudo pois ainda não esta adaptado, para isto você desenvolve seu sistema perceptivo para adequar-se ao grau que acabou de criar. Relacionamos a criatividade com todas as formas de linguagem e expressão já conhecidas, e tudo isso de uma maneira muito mental torna-se real no material, a grosso modo assim como se fala se cria não so no interno como nos elementos que de uma maneira exata não dependeriam exatamente da sua intervenção direta, como desenhar uma ponte e notar posteriormente que em seu bairro esta sendo construida uma ponte bastante similar à que você desenhou: aparentemente não houve uma intervenção direta na criação da ponte mas sim algo pode ter acontecido. Esta é a realidade na qual os magos andam, é nisto que atuam. De alguma maneira utilizam recursos especificos para ativar este desenhos. E sempre se perguntam: Quais são os limites da intervenção indireta na realidade e os limites da realidade. O termo intervenção indireta pode ser bastante apropriado para explicar um tipo de intervenção fundamentado em paralelos e sincronicidades de eventos, fatos, conceitos e acontecimentos. Conceito este que diz o que esta em cima como o que esta em baixo, ou mesmo o ponto no qual tudo esta Aleph. Criam-se então novos parâmetros para a intervenção sobre a realidade.

      Podemos considerar que tudo é magia, ou seja que inclusive nas coisas corriqueiras, do dia a dia, existam fenomenos de extrema complexidade que passem despercebidos perante nossos olhos, perante nossa percepção que em dado momento esta restrita a determinados focos de caráter prático perdendo a capacidade de perceber o abrangente. Sim, nas coisas simples do dia a dia não somente há magia, como tudo é magia... não vou dizer que é uma maneira inovadora de se pensar pois os magos há milênios dominam este conhecimento. Nos deparamos aqui com uma estarrecedora conclusão, pois ainda que tudo seja magia nossa sociedade parece haver criado uma aversão extrema à magia, temendo qualquer coisa que possa se parecer diretamente com esta, esta aversão é o maior símbolo da falta de informação e conhecimentos magisticos, e naturais sobre aspectos da própria realidade conspirando diretamente contra o próprio sugeito. É fato portanto que ainda que tudo seja considerado como magia não é de uma maneira clara e óbvia para um leigo, para o mago tudo esta muito claro pois este domina um outro tipo de percepção sobre a realidade, mas para um leigo parece não haver nada de extraordinario nas coisas corriqueiras, elas simplesmente continuam com a mesma monotonia usual. Na visão do mago tudoé magia, entretanto ainda que seja assim ele faz uma diferenciação entre a magia concientemente intencionalizada e a magia que podemos denominar de magia natural, ou a movimentação natural das pessoas inseridas em seus hábitos e comportamentos usuais, aos quais estão adaptadas e acostumadas... É assim que magia seria a mais alta expressão da realidade e por se tratar do aspecto da realidade em si ela faz parte do corriqueiro ainda que nem todos percebam, e a esta magia denominamos como magia natural, de outra maneira a magia concientemente intencionalizada é um tipo de magia que se utiliza de todos os recursos, técnicas, estratégias e conceitos possiveis para criar interferências e alterações tanto no plano da realidade física como no plano da realidade mental, na realidade ancestral, na realidade linguística e finalmente na realidade espiritual. Poderiamos de uma maneira interessante dizer que a magia conciente depende da vontade do operador enquanto a magia natural é fruto das consequencias dos hábitos e tendências naturais da pessoa, não estando necessariamente completamente dentro da vontade e interesses da pessoa, é pois assim que na magia consciente existe uma liberdade muito maior em termos de decisões a caminhos a serem tomados e realidades a serem transformadas... de alguma maneira a magia liga-se à transformação.

      Nossa sociedade hoje vive um sistema de magia natural, no entanto existem uma série de sociedades arcaicas que vivem um sistema de magia consciente, e que manipulam forças da própria realidade participando ativamente do processo de criação de suas realidades mentais, conceituais, mitológicas, espirituais e físicas podendo provavelmente mudar e intervir diretamente e transformar no que acostumamos a considerar como leis da ciencia. Criamos um temor pesaroso em torno de qualquer coisa que possa estar fora de algum parâmetro convencionalizado ou de alguma lei já criada considerando como ou uma loucura desmensurada ou como uma aberração jamais pensada, sentida ou vista, é assim que a sociedade foge a determinados aspectos da realidade tentando maneter a todo custo uma estrutura sólida o sulficiente para manter sua segurança comportamental. De tal maneira isto ocorre que quem passou a deter o conhecimento magistico já não se insere mais nos padrões gerais da sociedade e pode ser facilmente taxado de louco ou esquizofrenico, o que se revela mais uma artimanha do sistema a manter sua estrutura de valores inquebrantáveis porém extremamente limitados, oferecendo cada vez menos perpectivas de vivências completas aos participantes dessa sociedade. O que chamo de vivências completas é viver sua plenitude enquanto ser humano, vivenciando assim toda a sua potencialidade: física, intelectual, sentimental, intuitiva e trancendente. A mídia de alguma maneira procura definir e moldar padrões comportamentais, ideológicos e filosóficos criando estilos de vida socialmente aceitos, no entanto o ser humano é um ser intuitivo e criativo que têm um certo instinto pelo inusitado, isto esta dentro de nós, por isto não somos tão moldáveis quanto um pão de forma mas sim sugeitos inesperados que podem transitar entre diversos modelos ideológicos e comportamentais, e mais que isso criar e compartilhar nossos próprios modelos. A falta de magia consciente e de ensinamento direto dos sistemas de magia consciente para as pessoas trouxe um enfraquescimento pessoal quanto as próprias potencialidades e criou uma escasses de recursos pessoais para a vida e para a realidade em si, a magia é tratada em poucos meios e sempre foi no decorrer da história recriminada como uma estratégia de controle político das massas, no entanto como ela é algo inerente à própria vida e esta dentro de cada um é algo difícil de reprimir, pois quando ocorre um despertar o conhecimento vêm naturalmente à tona. Assim as próprias grandes instituições políticas e economicas não foram sulficientes para limitar o desenvolvimento de religiões que fornecem um contato mais direto com a realidade ( material, psicológica e espiritual ) tais como Xamanismo, Umbanda, Candomblé, etc... que não se encontram dentro das religiões politizadas e socialmente aceitas justamente porque quebram os paradigmas de uma sociedade espiritualmente limitada. Neste interím foi criado um auto-preconceito no qual o sujeito cria limitações filosóficas, psicológicas e espirituais que não permitem que ele encontre o seu próprio poder. Os esquemas da sociedade funcionam justamente para que isto aconteça... Com exceção de pessoas que aceitam o inusitado, aceitam teorias diferentes e passam a viver realidades que jamais imaginaram o mundo continua moldado pelas midias de massa, por isso o mais interessante é: Pense por si mesmo. Faça por si mesmo. Crie você mesmo. Aconteça você mesmo. Imagine você mesmo! Viva você mesmo! Qual o estilo de vida que você quer ter? O que quer fazer? O quanto pode ser criativo? Em que pé você é uma pessoa inusitada? Você é único!

      Me parece que uma das grandes chaves para o entendimento da realidade, e para a aproximação máxima ao real esta na questão do eletromagnetismo, um fator importante para citarmos aqui é que nós adquirimos um determinado conhecimento dos processos que consideramos como possiveis, uma situação que não nos ajuda a entrar em contato com possibilidades até então consideradas improváveis ou impossiveis é a questão do hábito e da rotina que trazem ao nosso cotidiano uma segurança de já conhecer ou já saber aquilo que é possivel ocasionando uma alta capacidade de previsão dos passos subsequentes à cada ação ou comportamento. No entanto esta expectativa já prevista pode não ser tão real quanto supomos, já que ela se fundamenta em um processo de auto-educação constante ou uma série de afirmações constantes que nossa mente faz automaticamente do que esta acontecendo a cada momento do que aconteceu e do que esta por vir... estas afirmações fazem por educar-nos de tal maneira a acreditarmos no que estamos afirmando, e suponho que nossas convicções acabam por tornarem-se reais devido ao fato de que nossa interpretação da realidade se fundamentam nestas. Aí se encontra um intrigante ciclo, e sair do ciclo exige audácia, coragem e criatividade sulficiente para superar as próprias auto afirmações da previsibilidade das coisas. É pois somente saindo do ciclo que conseguimos atingir um novo grau de percepção da realidade, e para sair do ciclo existem diversas estratégias comportamentais e linguísticas, por vezes deparamo-nos com poemas difíceis de entender e que por vezes parecem não ter muito nexo, no entanto quando estamos em estado alterado de conciência ou estado expandido de conciência com determinados padrões energéticos transitando em nosso corpo podemos ter alguns vislumbres bastante claro dos significados claros e nítidos de complicados trechos de poemas bastante complicados, isto ocorre porque dependendo das energias que transitam em nosso corpo e dependendo dos métodos magisticos empregados e recursos utilizados entramos num estado bastante peculiar que permite ascessar determinadas facetas da realidade que passariam completamente desapercebidos se num estado comum. Pode-se dizer que o super consciente ou seja uma quantidade muito maior da compreensão humana racional e sentimental esta sendo utilizada naquele dado momento, aproximando-se ou igualando o 100% da capacidade humana... é assim que Huxley em seu livro “As portas da percepção”  chama o cérebro de uma válvula redutora, diminuindo assim muitos aspectos de nossa percepção.

      O homem parece ser então mais uma especie de antena que capta elementos diversos, como dizer que um camaleão que pode mudar suas tonalidades conforme o ambiente que frequenta e as circunstâncias que o envolvem. Tudo é padrão magnético, pode-se dizer isso, no entanto a magia possui elementos especificos, com materiais, simbolos e recursos que pertencem à ela, alguns podem ser bastante exclusivos e até difíceis de se imaginar que poderiam ser usados em uma magia, outros no entanto são elementos que nos meios magisticos são amplamente divulgados e difundidos, não cabe aqui no entanto discutir sobre estas peculiaridades.

      Quando falamos em realidade não localizada é como se carregássemos nossos processos em nosso interior, e onde quer que vamos estes vão juntos e podem se manifestar na realidade momentanea que estamos em dado momento, é esta uma definição que diz que tudo esta dentro e não fora, o interno no entanto precisa do externo para se manifestar. Esta é uma regra que pode explicar muitos fenomenos peculiares da magia... Em muitas ocasiões, com incidência extremamente alta em magos, pessoas falam coisas que têm muito a ver conosco, e aparentemente sem haver tido qualquer fonte de informação pessoas. Como estas pessoas do dia a dia em nossa rotina conseguem atingir tal nivel de entrar em temas e assuntos que são muito pessoais? Se imaginarmos que estas pessoas são pertencentes ao nosso externo e que o externo é apenas uma manifestação do interno a lógica é que estas pessoas que estão fora de nós falem coisas sobre temas e problemáticas que já nos acompanham há algum tempo, não é pois de se extranhar que isto ocorra, o fato é que quanto mais nos envolvemos com magia com maior incidencia este fenomeno passa a ocorrer, até que chega um momento especifico que você já antecipa, ou preve o que ciclano ou fulano irá falar por já ter a absoluta certeza de que ele irá falar sobre aspectos da sua vida pessoal. Não considero que seja fácil chegar à este grau de percepção, muito pelo contrario exige muito treinamento magístico que engloba também alguns sérios riscos à saúde mental, fator que não pode ser negligenciado, aliás falar sobre magia é bastante atrativo porque o poder atrai, pode chegar a ser poético ou gracioso, no entanto os riscos existem e são bastante claros como pode-se ler em “Dogma e ritual da alta magia” de Eliphas Levi em seu “aviso aos imprudentes”. Na verdade devemos dar a devida importancia a cada detalhe, pois na maioria dos casos não somos capazes de perceber qual é a proporção de interferência de cada elemento da magia e da magia em si. É por isso que na baixa magia alteramos o nosso grau de percepão e na alta magia alteramos o ambiente que decidimos classificar como exterior à nós. Então com esta percepção já especifica que quem esta falando à você, seja isto uma leitura, um filme ou uma pessoa é na verdade quem esta descrevendo nitidamente aspectos pessoais de informações extremamente pessoais suas, por vezes estas informações não vêm exatamente num nível de razão mas sim de simbolismo, e na grande maioria das vezes não percebemos este fenômeno. É como uma consulta espiritual em que a pessoa diz coisas relacionadas à você, isto ocorre porque as coisas estão dentro de você, talvez o processo de compreensão destes fenômenos seja usualmente chamado de “saida do matrix”.

      Algumas atitudes que temos ou alguns conceitos que criamos podem ser considerados subversivos, temos como subversão solapar o estado de coisas estabelecidos. Fiquei bastante intrigado no desenvolvimento de uma série de magias que desenvolvi, pois em dado momento fui chamado de subversivo, achei uma terminologia bastante interessante e realmente apropriada para a ocasião já que justamente naquele momento além das magias escrevia o livro “estratégias empresariais para a otimização do faturamento” que fundamentalmente  trata-se de uma tentativa de explicar novos estados de percepção e consciencia, de maneira incauta averiguando um terreno desconhecido, no entanto não relacionando estes estados alterados de consciencia a momentos de meditação senão aplicando-os para a pratica do dia a dia. A natureza humana mais instintiva é propriamente subversiva, já que no centro do ser esta sua criatividade, sua ância e busca pelo transcendente, e pela essencia de todos os aspectos de sua realidade e potencialidade global, o que esta além da rotina do dia a dia, em que cumprimos um determinado papel ( que corresponde respectivamente a uma ínfima parcela de tudo o que somos em potencial interativo, simbólico, espiritual e físico. )

      O papel que cumprimos na sociedade em geral esta relacionado à uma atividade direcionada, a pratica da magia é algo global que faz descortinar uma série de aspectos e elementos que estão além de nossas atividades direcionadas no dia a dia solapando completamente o estado de coisas estabelecidos, estabelecendo novos patamares de realidade, simbolos, idéias, possibilidades e campos de ação. Isto causa uma nova perspectiva da vida, mais ampla e abrangente num nivel dificil de definir os limites.

      O exercício da magia pode causar diversos efeitos estranhos e desconhecidos, tais como o completo distanciamento da noção de tempo que temos em um estado comum, o tempo em si passa a não ter a cadência regular com a quel estamos acostumados, entramos então em um estado de eventos, acontecimentos, coisas e fatos que transcorrem, mesmo no estado de lucidez, fora do tempo. O tempo em si passa a não ser mais um parâmetro de comparação que forneça bases para a realidade mas sim a experiencia. As bases da realidade passam a ser a experiência de aprendizagem moral dentro da dialética diária na qual deparam-se diante de nós diversas afirmações com alto grau de significado e importância, é neste momento que percebemos de maneira nitida e clara que existe um diálogo especifico dentro de nosso dia a dia que transcorre num plano paralelo, mas que ao mesmo tempo também acontece no plano principal, é como eu dizer aqui uma frase ou escrever um texto que possua duas interpretações e que o mago seja a pessoa adequada para fazer a tradução deste dialogo para a segunda interpretação enquanto uma pessoa comum só percebe a primeira... podemos claramente chamar isto de código, e compreender que em todos os tipos de linguagem já inventados possuem esta interpretação dual. Não trata-se isto de uma especie de esquizofrenia, mas sim de um conhecimento oculto... taxar um conhecimento oculto de esquizofrenia é mais uma maneira para controle de grandes massas no que se refere a tudo o que possa sair do que convencionou-se por chamar de “normalidade” que nada mais é que um padrão fixo de realidade ou de programação neurolinguistica, ou seja: somos programados para acreditar no que é possivel ou impossivel, no que existe ou não existe, no que é normal ou anormal. O poder dos magos esta definitivamente fora do padrão da maioria, mas também se enquadra num padrão especifico, do contrario seria caótico, dentro deste outro padrão, amplo e vasto em possibilidades e percepções, existem recursos e estratégias amplos para se atingir metas especificas. O indio por exemplo não é constantemente acometido de doenças mentais tais como psicoses, depressão ou esquizofrenia pois conhece íntimamente como funcionam as estruturas mais amplas do funcionamento da mente, do espirito, da inter-dimensionalidade e do controle consciente disto tudo ( chamado de magia consciente ), em geral os recursos de que se utiliza são as ervas, os símbolos, pedras, danças e canções... dominando além disso as técnicas do êxtase, do transe e possivelmente da incorporação para prever algo ou mesmo participar ativamente da criação de sua realidade ( no sentido literal da palavra ) enquanto um ser material com um poder mitológico.

     Tudo no universo não só em seus aspectos materiais, assim como principalmente no nivel de informações, idéias, conceitos, sentimentos, palavras e simbolos se conecta de uma maneira estranha e curiosa. Esta interconectividade não é percebida num estado comum de consciencia... uma das coisas que o trabalho magistico oferece é o aumento gradativo da percepção destes fatores interconectivos, ou seja: cada vez mais se apura um tipo de percepção inusitado, a conexão entre uma serie de fatores, sejam estes pertencentes à sua vida pessoal ou não. A percepção direta dos simbolos envolvidos é um treinamento de meses, pois após determinado tempo de trabalho magistico percebe-se uma determinada padronização dos simbolos atuantes, já que esta padronização é claramente fornecida pelos próprios tipos de simbolos que você cultua e por exemplo coloca em seu altar pessoal. Estes simbolos podem ser de caráter extremamente pessoal e até secretos, o que é bastante indicado, ou mesmo simbolos comunitarios compartilhados em um coven ou comunidade religiosa. O avanço deste tipo de percepção simbolica faz com que você saiba fazer uma leitura muito rápida do ambiente em que se encontra, esta leitura ocorre a cada momento pois eventos magisticos ou eventos de magia natural podem rapidamente mudar o contexto e a conformidade das coisas no plano oculto da segunda linguagem. Atravéz da percepção de todos os eventos ao mesmo tempo ou sincronicidades o mago consegue facilmente fazer a leitura do plano culto, e nisto consiste um de seus maiores segredos, não entende-se por linguagem somente a linguagem falada, mas também a linguagem gestual, comportamental, simbólica e propriamente de movimentos fisicos e o pro-ativo trabalho mental de co-relação entre todas as partes, ou seja: tudo ocorre ao mesmo tempo entre todos os tipos de linguagens, fazendo a comparação entre todos os elementos entre si e relacionando esta comparação diretamente com elementos da vida pessoal do mago com seus simbolos pessoais e comunais ele é completamente habilitado e capaz para fazer a leitura do ambiente num nivel macroscópico e microscópico pois estamos aqui falando do Aleph, tudo que acontece na verdade é uma coisa só, este conceito é fundamental para o entendimento de como tudo se relaciona.  O exercicio desta habilidade pode começar com paralelos feitos entre dois elementos ou triangulações, tornando-se cada vez mais complexo, o objetivo é chegar à sabedoria do aleph e das sincronicidades, podemos entender que este é um exercicio do aqui e do agora mas que também se expande num sentido atemporal já que o mago correlaciona também uma serie de simbolos, eventos e conhecimentos do passado ao que ocorre no momento presente. Quantas pessoas conhecem estas tecnicas de leitura? Quantas pessoas situadas fora do contexto religioso mas já com pleno desenvolvimento espiritual? Prefiro optar pelo desenvolvimento da magia pela magia, indo direto ao foco, que propriamente os recursos escassos que o que denominamos neste livro de magia natural possa oferecer. O desenvolvimento é muito mais rápidos, envonvendo os riscos na proporção da intensidade.

      Se começarmos a refletir nosso dia a dia em termos de sincronicidades vamos começar no nivel intelectual a concluir algumas coisas interessantes, e se acaso transcendermos o nivel intelectual para o nivel propriamente de percepção magistica das sincronicidades  serão irrefutaveis nossas constatações a respeito de tal fenomeno, porém isto somente se adquire com um árduo treinamento da prática da magia, com o apoio de toda a fundamentação teórica já produzida até hoje, não sem a ausência de riscos. Sem a necessidade estrita de diplomas ou certificados, que não são invalidados mas sim uma maneira organizada, estruturada e politica de se ensinar magia.

       A compreensão das sincronicidades, das realidades paralelas e das coincidencias é fundamental para a percepção do direcionamento único do fluxo das coisas, que parecem em suma formar um só grupo de idéias, ou seja: cada acontecimento têm a equivalencia em outros paralelos que nossa mente passa a fazer, além disso interfere diretamente em outros fatores criando sincronicidades que podem acontecer não no local em questão mas em uma realidade paralela. Não estou designandos estes tres termos com o mesmo significado senão cada qual significando algo único:

       a) “Sincronicidade” algo que ocorre ao mesmo tempo mas não necessariamente no mesmo lugar e que a pesar de ser algo diferente é algo que têm total conexão e correspondencia com o simbolo ou acontecimento inicialmente analizado.

       b) “Realidades paralelas”: dois locais distintos localizados no mesmo plano ou em planos diferentes tais como dois locais distantes entre si como: a tv, um livro, o computador, um sonho, uma percepão, a realidade fisica presencial ou o próprio campo das idéias do mago, em cada um destes locais há uma equivalencia de elementos que podem encontrar um alto teor de sincronicidade mesmo estando em planos diferentes ou realidades paralelas

      c) “Coincidencias”: elementos que são efetivamente parecidos ou iguais em suas idéias, na verdade a correlação entre as coincidencias é mais fácil de perceber que propriamente os elementos de sincronicidade, pois as sincronicidades não são necessariamente iguais mas possuem total correspondencia enquanto as coincidencias são absolutamente iguais. Podemos por exemplo classificar um fenômeno de dejavú como uma coincidência entre dois locais no tempo, que se forem os dois eventos localizados na linha temporal são de um plano só portanto não trata-se propriamente de um paralelo entre planos distintos, como comparar um sonho e o estado alerta o o pensamento e os acontecimentos do estado alerta... O dejavu pode ser portanto de um plano só ou entre realidades paralelas.

      Estes tres termos são fundamentais para compreendermos de que maneira a magia se processa, quais são os recursos de que ela se utiliza e quais são as ações que provocam reações especificas. Não podemos nos esquecer de que estas reações estão tanto dentro do mago quanto fora dele, distinguindo assim a Alta Magia da Baixa Magia. É assim que falamos do fenómeno de ação e reação, mas que no entanto esta reação não precisa estar necessariamente localizada num tempo posterior, mas sim que esteja em tempo real, ou seja uma reação simultânea à ação e basicamente proporcional à intencidade da ação.

      Magia é eletromagnetismo, e tudo basicamente emite ondas eletromagneticas, estas basicamente entram dentro e ao redor do corpo do mago e podem se manter nesta posição o quanto o mago quiser pelo controle consciente deste, existem recursos que facilitam a manutenção de determinados padrões magnéticos no corpo do mago e situações que podem dificultar esta manutenção, este conhecimento esta muito relacionado ao modo exato como este magnetismo entra: por onde entra e qual o caminho que ele percorre no corpo, respeitando e compreendendo este caminho pode-se induzi-lo com maior facilidade e prendê-lo ou represar e fechar a saida por assim dizer, é curioso como em muitos circulos fala-se muito sobre incorporação de entidades, mas que nos meios esotéricos em algumas fontes encontramos uma escasses completa sobre este assunto. Como pode ser esta dualidade de idéias? Em determinados meios muito se fala e em outros nem se cogita.  Esta diferença de abordagem pode ser apenas devida não à diferença do fenômeno em si, mas sim da terminologia utilizada para determinar um evento especifico. Desta maneira creio que o que alguns meios chamem de incorporações de entidades outros meios possam chamar de canalização, enquanto que em outros meios não religiosos, não esotericos e não espiritualistas nem dão nome ao evento mas sabem senti-lo e percebe-lo muito bem. ( como por exemplo as pessoas no dia a dia ), falar abertamente sobre o tema é o primeiro passo não para que o fenomeno aconteça, pois para isso precisamos de elementos, recursos e ambientes especificos, mas sim para que a aprendizagem do que exatamente esta transcorrendo e de quais são exatamente os efeitos ocasionados por estes acontecimentos magisticos. Estamos falando não só sobre incorporação, mas sombre padrões energéticos especificos, que podem também ser compreendidos como padrões de realidade... esta última idéia nos leva a colcluir que nem todas as pessoas vivem a mesma realidade, mas que existam grupos especificos de pessoas que formam um “agregado de realidade”.  O que pode ser bastante interessante pois neste caso você não esta tão somente em seu próprio corpo mas pode também transitar entre determinados agregados de realidade, sendo que todas as realidades existem ao mesmo tempo no entanto você têm o potencial de absorver uma de cada vez conforme sua necessidade e interesse. Se isto ocorre de uma maneira consciente quer dizer que você domina técnicas e estratégias de como fazer o fluxo eletromagnetico entrar em seu corpo e como manter este fluxo ( de qualidade única ) pelo tempo que desejar para propósitos especificos dentro do universo do hiperespaço incluindo com este a interconexão existente entre o hiperespaço com o espaço comumente denominado de material, mas que em suma é apenas uma resultante da magia que ocorre no hiperespaço. A realidade em si não existe sem os padrões mitológicos criados e mantidos em suas formas de histórias e contos, pois os mitos são as bases da realidade, e é atravéz dos mitos que somamos à nossa estrutura psíquica e física os “agregados de realidade”, ocorre que a sociedade comum e corriqueira possui um determinado limite quanto a sua estrutura ideológica e mitológica, que em suma é bastante parca, no entanto quando nos aprofundamos em trabalhos de mitologia de outras sociedades abrimos novos agregados de realidade, nos quais existem novos recursos de ação e de possibilidades. Quebrando muitos paradigmas, e praticando uma subversão natural aos elementos do agregado de realidade anterior... Pois o fato é que cada estrutura mitologica abarca técnicas, procedimentos completamente únicos quanto ao próprio objetivo e vivência. Pois é certo que existem realidades totalmente incompreendidas se partirmos de nossas perspectivas atuais, a menos que deixemos de lado a própria estrutura na qual estamos inseridos e procuremos compreender as coisas sobre outros parâmetros. Ou seja: O que é real? Quais são as possibilidades de interferência? A maior dificuldade de se tornar mago é a destituição quase que completa dos valores anteriores, pois isto de alguma maneira representa perder a segurança que temos em achar que conhecemos 100% da realidade, esta é na verdade uma falsa-segurança, mas é uma segurança que ocorre apenas num nível psicológico mas não no nivel real. É mais seguro prever quais são as possibilidades e já prevendo antecipar em como podemos nos adequar as estruturas que conhecemos que propriamente reconhecer que não conhecermos o sulficiente para ter a segurança e previsibilidade de tudo. Compreender esta idéia num nivel intelectual pode ser fácil, mas não aceita-la. No entanto somente a prática da magia pode trazer a confirmação do nosso completo desconhecimento dos parâmetros reais da realidade, é certo entretanto que muitas pessoas que dizem não acreditar na magia na verdade não têm certeza de nada, o que possuem na verdade é um grande temor de que haja uma probabilidade de que os parâmetros que têm como bases para suas vidas não sejam totalmente reais e que a magia possa esclarecer alguma coisa neste sentido, no entanto para estes, mais vale manter a falsa-segurança de crenças pré-estruturadas que arriscar-se na quebra dos paradigmas e conhecimentos de novos agregados de realidade.

      Estamos falando aqui basicamente sobre o potencial humano, e sobre segredos fechados em baús antigos jamais revelados, inclusive sobre toda a estrutura ideológica divulgada para a manutenção do segredo... ou crenças do conhecimento cientifico mono-articuladas tão esclarescidas pelo Anarquismo Epistemológico de Paul Feyerabend, no qual valoriza a ciencia não como o sumo conhecimento sobre a realidade mas sim como apenas mais um recurso epistemologico tal como o ocultismo, teatro, musica, religião etc... Com Feyerabend a ciência não é a dona absoluta da verdade, mas apenas mais um recurso de explicação desta, recurso este que possui grandes limitações por conter métodos que são fixos e imutáveis podando uma série de outras capacidades humanas pluralistas em conteúdo e percepção. O fato é que vivemos em uma sociedade em que as grandes politicas, empresas e instituições financeiras parecem estar resguardadas pela própria ciência, para manterem e defenderem aquilo que estão fazendo, o que notamos neste quesito é que a maior parte da ciência não se preocupa em descobrir a realidade em si mas sim em defender interesses politicos e sócio-politicos, deste modo a sociedade  criou uma série de outros recursos para descobrir aspectos mais profundos da realidade em que a ciência não alcança.

      O filme: “Quem quer ser um milionário”,  dirigido por Danny Boyle, é bastante ilustrativo para descrever um processo explicado por Terence Mckenna em uma de suas conferências que diz: - Você é o centro do universo. Não sei quantas pessoas compreendem esta idéia efetivamente na teoria, e que dizer então quantas compreenderão e perceberão na prática pois entrar nestes setores da mente e do espirito para sair do “sistema de realidade” usual compreendendo um “meta-sistema” que engloba outros sub-sistemas exige coragem, audácia senão até uma singular intrepidez para iniciar e manter processos comportamentais que acompanham pensamentos criativos e percepções diferenciadas fazendo corroborar a quebra de muitos senão até todos os paradigmas sobre a realidade. Causando um certo temor natural por haver deixado de lado as bases sólidas nas quais anteriormente se apoiava... - Você é o centro do universo e tudo transcorre em torno de você, segundo suas ações e comportamentos a realidade ( incluindo as pessoas ) adotam um determinado ciclo de acontecimentos e  estratégias comportamentais diretamente relacionadas ao seu próprio modo de pensar e agir, deste modo você não é somente o ator da história como também o diretor, participando ativamente da criação não só de você enquanto ego mas de todo o contexto que te circunda... Deste modo no filme, todas as perguntas que o personagem principal recebia num programa de televisão tinham uma relação direta com o histórico pessoal de sua vida particular, de fato notamos um processo magistico que pode até ocorrer no dia a dia sem que percebamos ou com a magia de maneira cada vez mais conscientes, para quem é adepto da famosa “lei da atração” poderiamos dizer que o personagem com sua própria vida atraiu aquelas perguntas que recairam perfeitamente em seu historico de vida, pois ele ouvia e fazia todos os paralelos possiveis com sua vida notando todas as sincronicidades atravéz do tempo e coincidencias atravéz de sua história podendo responder à todas, podemos no entanto de outra maneira dizer que a realidade não é pré moldada... e essa idéia é um pouco mais complexa que a lei da atração, pois quer dizer que a realidade não existe até que aconteça, ou seja: o homem que faz as perguntas não as tem em mente antes que esteja propriamente fazendo ( na perspectiva do sujeito que ouve ) então o fenômeno que esta ocorrendo não é que ele esteja fazendo perguntas já pré-existentes mas sim que o personagem Jamal Malik esteja propriamente a tempo-real materializando sua própria realidade com o conteúdo de todo seu histórico que em suma vale mais como experiencias que como tempo, ou seja neste momento não existe passado ou futuro mas sim uma serie de experiencias e conhecimentos que se aglomeram num todo entrando em sintonia com o sugeito que pergunta e praticamente regendo aquele que irá falar... podemos notar que esta perspectiva de realidade é propriamente um passo além do sistema que estamos acostumados a acreditar ser o real, e é propriamente bastante subversivo por apresentar um novo sistema: e este possui uma lógica interna pois a realidade externa seria propriamente uma emanação da realidade explicando assim todas as coincidencias que podem ocorrer conosco. O mundo então deixa de ser uma estrutura fixa como estamos condicionados a acreditar ser, o passado fixo deixa de existir... podem existir muitas linhas de passado que ainda não conheçamos e estejamos propriamente transitando entre estas linhas: ou seja não só o presente ou o futuro podem ser variaveis como o próprio passado pode mudar de acordo com os interesses e padrões do presente: temos assim que o presente pode ser a base para mudanças e intervenções no passado e no futuro. Aquilo que o outro irá falar tem uma relação direta com nossos históricos pessoais de vida, num nível completamente pessoal: isto não só descreve nossa interconectividade mas também explica que conforme minhas variações pessoais tudo muda, e é justamente como se explica as intervenções magisticas.

      O que é sagrado e o que é terreno? Será tudo absolutamente sagrado, no entanto nós não estejamos propriamente num nivel de percepção sulficiente para perceber que tudo à todo momento é sagrado? Quais os tipos de conexões mitológicas que podemos fazer? Quais são os portais sonoros e musicais que podemos abrir? Quais são as idéias e conceitos que nossa imaginação é sulficientemente capacitada para criar? Isto dependerá não de nosso veiculo fisico senão de nosso espirito de maneira direta, e quanto mais consciencia criamos do espirito tanto maior será a capacidade de fazer algo no plano espiritual, plano este que esta em conexão direta com o plano material... é certo entretanto que existem diversos tipos de entidades mitológicas, de imaginações e variados niveis de capacitação mental e sentimental para averiguar e vivenciar os planos astral e espiritual. O desenvolvimento espiritual depende diretamente da imaginação, que é a capacidade de utilizar todos os tipos de linguagens existentes de maneira apropriada, justa e moral. Ainda a um só tempo conseguir ser inusitado, criativo e inaudito somente desta maneira pode-se transpassar os diferentes niveis de realidade quebrando constantemente os paradigmas dos niveis anteriores. O que quero dizer é que as coisas em si estão antes no espirito que propriamente na matéria, principalmente quando falamos em criação, conceituação e definição dos parâmetros que serão futuramente utilizados... é como se desta maneira você estivesse criando sua propria realidade, sendo ela um todo comunitário e compartilhado entre várias pessoas e não um fruto de um personalismo ou egocentrismo em que aquela realidade especifica teria validade somente para o criador. É desta maneira que você esta no centro de tudo como criador, e ainda assim compartilha sua própria criação ( mítica, conceitual, poética, musical, filosófica, epistemologica ou magistica ) com absolutamente todos aqueles que te cercam, dando sentido e significação ao todo de uma maneira simultânea. O que mais impressiona no Universo é que todos são absolutamente Deuses criadores de suas realidades, tendo ou não ciência disto, os Deuses se encontram e seus encontros produzem frutos de criações recíprocas e paralelas, ou seja na medida em que um cria o outro o outro cria o um, esta sincronicidade da multiplicidade organizacional do Universo espanta qualquer um que se aperceba propriamente dela, e perguntamos: Como é possivel que tudo exista ao mesmo tempo, e entre num sentido perfeito? São como dois jogadores de xadrez, na medida que um jogador faz uma jogada especifica ele induzirá o outro a fazer uma jogada exata e perfeita... esta indução significa que é como se ele próprio houvesse feito a jogada de seu oponente, e assim acontece com o outro também... então no final das contas percebemos  um aspecto de predestinação no qual é como se os dois jogadores fossem um só. E é absolutamente assim que funcionam os mais diferentes grupos humanos, em suas diversas atividades, atuando de uma maneira na qual cada um induz os comportamentos, atitudes e ações do outro com seu próprio comportamento, atitudes e ações. Não bastando as questões comportamentais temos mais duas questões a serem citadas: 1)pensamentos, 2) eletromagnetismo; Quero dizer que além dos aspectos comportamentais que são materiais e aparentemente ocorrem no momento do tempo presente temos também os pensamentos que em geral ocorrem fora do tempo e fora do espaço, mas que intercedem fortemente na criação e formação de nossas perspectivas e diretrizes mentais, de tal maneira intensos que acabam por conceituar a realidade material e dar a significação à ela, por isso dizemos que os pensamentos são o alicerce da realidade e damos a efetiva importancia que a linguagem possui em nossa capacidade de dar significação ( mitologica, poetica, musical, sentimental, linguistica ) aos acontecimentos e fatos da realidade. Num nível congruente porém ainda mais profundo esta o eletromagnetismo que pode ser considerado a realidade mais profunda que existe além da matéria e além dos pensamentos. Tudo parte do espirito, até mesmo a matéria parte do espirito, tudo aquilo que é constituido têm como base o eletromagnetismo que flui atravéz dos corpos humanos, eu sou muito além do que aparento, sou um potencial infinito de idéias, conceitos e modos de ser e estar. Por isto dentro da mitologia podemos incorporar diversos arquétipos comportamentais, sentimentais e perceptivos, ou seja até mesmo nossos niveis perceptivos podem ser alterados e treinados de acordo com o arquetipo incorporado. Aí se encontra que um dos elementos mais importantes de um mago é um livro, mas porque o livro? Lembra aquele livro magico que ao ser aberto revela diversos seres, realidades, potencialidades, capacidades ocultas que praticamente saem vivos de dentro do livro? É justamente isso: tudo possui vida dentro da perspectiva magistica: simbolos, objetos, musica e inclusive palavras, versos e frases... sendo que os conceitos e idéias são então grandes portadores mitológicos da realidade da alma e inclusive do corpo. Ou seja não estamos aqui falando de abstrações ou niveis subjetivos de realidade, mas sim sobre a realidade integral em si: incluindo os niveis: espiritual, mental e físico. É bastante estranho, para algumas pessoas, relacionar a magia ao corpo e à absolutamente todos os fenômenos de caráter material, no entanto na magia não existe qualquer distinção entre matéria, idéias ou espirito... é tudo uma coisa só, elementos que atuam de uma maneira absolutamente integrada... os conceitos da dialética consciencial se desenvolvem num debate mental que é constantemente percebido tanto pelos próprios pensamento como por tudo aquilo que se ouve do ambiente exterior, na medida que os acontecimentos e ações no campo materiais provindas do exterior transpassam frente a frente ao mago que à tudo observa e percebe atentamente, participando dos processos de maneira consciente, ou seja: acontecimentos de caráter material podem ser entendido apenas como ferramentas que o sistema utiliza para transmitir idéias, a um so tempo as idéias que são criadas podem ser entendidas como ferramentas para que o mundo material se transforme, seja por magia natural ou magia conscientemente direcionada. Os mitos assim participam da criação do mundo, e o mundo num sentido inverso cria seus mitos. Estas são as antigas histórias ao pé do fogo frutos de necessidades, desejos e sonhos humanos e certamente de seres mais complexos e sofisticados que os seres humanos.

     O corpo é regido pela alma de tal maneira que as forças concernentes à alma produzem resultados de dificil compreensão ao corpo, tal como a competição self transcendence “3.100 mile race” em que os competidores correm à pé 5.000 Km em aproximadamente 42 dias, ou mesmo tanto ou mais impressionante que isto são as proezas físicas executadas por lutadores de “Kung Fu Shao Lin”, demonstrando que o controle do corpo esta não só no corpo propriamente como em elementos psicologicos da mente e em elementos espirituais e mitológicos do espirito, chegando deste modo a executar proezas impressionantes.

      Isto tudo ocorre porque existe uma conrrespondencia direta entre eletromagnetismo, idéias, sentimentos e físico... o que devemos descobrir é: Qual padrão eletromagnético corresponde à determinada idéia ou sentimento? Ou: Qual padão eletromagnetico corresponde à determinado tipo de força corporal ou resistencia? A concentração mental e a meditação preparam nosso corpo não só num nivel de sugestionabilidade mas num nivel propriamente fisico.

      Mediante a conformidade da situação sócio-cultural atual notamos que o conhecimento e a vivência do ocultismo esta restrito a uma pequena parcela da sociedade, existem muitas vertentes que são chamadas de espirituais ou religiosas mas que em suma não chegam nem aos pés do verdadeiro contato interdimensional, onde se encontra um conhecimento sobre a realidade que esta absolutamente oculto a grande parcela da sociedade, que sofre em geral de um grave disturbio chamado condicionamento. As pessoas em geral são condicionadas por outras pessoas, pela mídia e por grandes instituições politico-econômicas a pensar desta ou daquela maneira... um condicionamento que ocorre no decorrer de toda uma vida e que quanto mais tempo nos deixamos condicionar, mais tempo aquela realidade especifica fica impregnada. Um dos fatores importantes para a magia é o descondicionamento de alguns parâmetros e bases para a aquisição de novas possibilidades vivenciais. Este descondicionamento implica na desestruturação de determinados valores que eram dados como reais e na aquisição de parâmetros completamente diferentes do senso de realidade... neste momento tudo muda: realidades paralelas, sincronicodade, energias, entidades, incorporações, despersonalização, perca do ego, perca da identidade, linguagem simbólica, ser vários ao mesmo tempo, atemporalidade, linguagem simbólica entre muitos outros acontecimentos passam a ser parte da realidade da pessoa.

      Pelo que até agora pudemos juntos constatar, um mago é uma pessoa aberta ao novo, que constantemente põe em prova seus conceitos, idéias, vivências, estilos de vida, percepções e padrões energéticos. Tomando nota do que é novo, e colocando o novo numa nova abordagem da realidade. O caminho da magia é o caminho da descoberta, assim temos os magos como os desbravadores das realidades do corpo e da alma. Ser um desbravador é ser destemido, ousado e intrépido pois é entrar em contato com o oculto, desconhecido e inaudito, portanto começamos a perceber finalmente quem ou o que é um mago, feiticeiro, pagé ou xamã. A aceitação de estar pisando em um terreno completamente desconhecido causa uma sensação de medo, ansiedade e maravilha... pois é certo que estamos falando de poderes muito mais complexos e profundos que aquilo que até então estava-se habituado a entrar em contato. Um mago é uma espécie de saltador que pula de um penhasco para o alto mar, a partir do momento que ele dá este salto o processo inicia-se e tudo que ele pode fazer é manobrar-se no ar com sua criatividade e inteligencia no terreno dos poderes antes ocultos e agora revelados. Ainda que seja algo revelado as situações geradas não deixam de ser inusitada, pedem estratégias e comportamentos até então nunca usados, percebidos ou sequer imaginados, mas que num dado momento são revelados e passam a fazer parte de uma realidade especifica.

     O mago reconhece portanto que lida com forças mais complexas e de grande poder, e procura constantemente conhecer as regras destas novas realidades e de que maneiras estas realidades interagem com a realidade ordinaria, ou se mesmo as realidades seriam uma só.

      Conhecemos muito bem o ambiente em que a magia ocorre, que é o ambiente eletromagnético, este que têm uma correspondencia com o ambiente fisico e com o ambiente ideológico criando assim uma trindade inseparável, a qual cada elemento dela têm correspondencia com o outro elemento, esta trindade é: matéria, eletromagnetismo e idéias. A magia se utiliza de elementos materiais em larga escala ( ao contrario do que muitos pensam ), estes elementos materiais acessam campos eletromagneticos especificos, os quais correspondem a idéias, padrões comportamentais, atitudinais, conceitos ou arquetipos mitológicos... se compreendermos plenamente esta trindade compreenderemos também qual é o funcionamento da magia, e que quando falamos em magnetismo estamos nos referindo ao mesmo tempo à própria qualidade da matéria em si, e também das idéias, mitos, arquétipos e programações mentais.

      Sendo assim é natural pensarmos nos padrões eletromagneticos dos alimentos, das pedras, das plantas, das cores, das idéias, das pessoas, dos padrões comportamentais, dos mitos para compreendermos melhor o fenômeno da magia. É certo que existe a magia endógena ou exógena ou seja: aquela que se faz dentro do próprio corpo e aquela que transcorre fora do corpo mas que pode de igual maneira interferir no processo da consciencia e do corpo, pois dentro da magia é bastante improvavel acreditar nos conceitos de dentro ou fora como coisas divididas... pode-se fazer algo fora do corpo que altere o corpo u a mente, e fazer algo dentro do corpo que interfira num ambiente externo. Para fins de estudo devemos ter a compreensão de como fazer algo internamente e como fazer algo externo: podemos encontrar diversos guias de magia explicando uma série de rituais, estes que se utilizam de diversos elementos como objetos magisticos, simbolos, imagens de entidades, plantas, bebidas, incensos etc... não quero me ater na parte procedimental mas sim na parte conceitual, ou seja: como vamos conceituar aquilo que esta transcorrendo? O que em si esta transcorrendo? Se tudo é magia o simples fato de ingerir um alimento especifico não deixa de ser um ato magistico, no entanto, podemos  adicionar ao fato de ingerir este alimentos alguns aspectos rituais como frases ou textos, citações, ascender uma vela ou riscar um ponto e intencionar um objetivo especifico, supostamente que vá de acordo com elementos como a cor da vela, o tipo de alimento e os textos citados... é portante vital que em um ritual exista uma concordância completa entre os elementos que fazem parte deste ritual, com a meta de chegar-se à um objetivo especifico. É fato portanto que quanto mais afinada for a concordância entre os elementos de um ritual melhor serão os resultados obtidos num nivel de realidade material interna e externa e realidade consciencial, sempre interna.

      É assim que um mago aprende em diferentes objetivos e rituais dos mais diversos como cada tipo de eletromagnetismo reage com o seu corpo, criando realidades materiais e conscienciais especificas, é imprescindivel frisar aqui que um mago possui um poder completo de interferir na realidade material, num nivel que poucas pessoas possuem a noção da proporção da magia, por isso todo cuidado é pouco, pois para cada ação magistica haverá uma forte reação do plano da realidade, ou seja: a realidade muda! Não apenas no nivel de interpretação dialética da realidade em sai, mas eu me refiro à realidade propriamente dita, o que amplia imensamente a responsabilidade de um mago! Todo e qualquer aviso lido é uma mensagem que provavelmente tenha vido de pessoas com grande experiência na área, a experiência é a voz da razão como se diz, é portanto interessante notar como diversos livros da área passam a mesma mensagem de maneiras diferentes, não estamos aqui conversando sobre um hobbie ou atividade de lazer mas sim sobre uma atividade que deve ser executada com a maior cautela e comedimento possivel, para que haja um desenvolvimento paulatino e gradual das faculdades magisticas, e digamos uma transformação da própria realidade em si.

      Muitos dão um excessivo valor à transformação interna, mas o fato é que na medida que pode-se alterar as faculdades psíquicas também se pode mudar a realidade em si, e este fato é absolutamente impressionante, pois estamos na verdade em um processo de construção de nossas realidades não só por nossas ações como também por nossa linguagem, a linguagem têm tanto poder quanto uma ação, os magos conseguem compreender que as duas maneiras de interferir na realidade não somente parecem ester em pé de igualdade como parece que a linguagem esta à frente das ações, pois comanda uma série de contecimentos externos ao mago, enquanto que suas ações parecem ser na verdade uma reação ao que ele criou com a linguagem. Por isto a importancia dos mitos, histórias, contos e fábulas que estão muito próximos aos magos sendo grandes instrumentos de magia.

      Se nos concientizarmos de como todos estes processos acontecem no dia a dia diante de nossos olhos sem que percebamos que trata-se de magia pura estaremos no primeiro passo para o dominio e a utilização de determinadas estratégias magísticas linguísticas, podemos denominar esta vertente de magia linguistica e que qualquer musica cantada seja dotada de tal poder dialético.

      No entanto nem só de linguagem a magia é feita, podemos encontrar a própria constituição físico-química de cada objeto utilizado como fonte de poderes especificos, assim a química de cada elemento é respeitada e por isto a importância da matéria em si para fazer-se uma magia todavia mais poderosa e efetiva... Poderiamos colocar a linguagem num setor de Programação Neurolinguistica, e a química num setor de matéria propriamente dita, neste quesito toda linguagem é o símbolo de uma intenção e toda matéria guarda um significado e intenção que vai de acordo com a sua química. A lógica é simples e faz com que possamos encontrar o sentido vital das coisas, utilizando o sentido vital para fazer magia.: Se uma planta é espinhosa, a quimica desta planta possui a mesma intenção que o formato da planta, se uma flor é perfumada a intenção da flor vai de acordo com o perfume desta: é impossivel dizer que na magia existam interpretações dúbias já que estamos falando do sentido vital das coisas. Se você utiliza um elemento especifico sem saber sua função ele não irá deixar de atuar, ainda que você não saiba sua função ou significado vital... por isso é importante saber com quais elementos estamos mexendo sejam estes simbólicos, químicos, mitológicos ou ideológicos... atenção nisto, pois estou falando tanto de materia como de idéias. Cada coisa é cada coisa, ela será ela mesma, ou seja os elementos magisticos existem por si só independentes do mago, não é uma questão apenas de interpretar isto ou aquilo mas sim de saber qual seu significado vital para compreender na magia em que circunstancia aquilo deve ou pode ser utilizado... não é difícil cometer erros ou equivocos pois além de tudo o mago não é somente uma pessoa que lê livros e absorve coisas de fontes externas, mas é acima de tudo um experimentador, é portanto na experimentação que faz suas maiores descobertas, por este motivo dificilmente valerá a pena levar a cabo qualquer discussão sobre magia num sentido teórico com leigos da área, pois ela em si é totalmente incompreensível a leigos, a menos que alguém decida fazer magia ele jamais compreenderá os mistérios da funcionalidade, objetivo ou mecanismos da magia. Na experimentação o mago faz suas maiores descobertas, mas também na prática de suas descobertas que ele comete erros ocasionais, o que implica dizermos e alertarmos sobre os riscos da magia, não a ponto de desencorajar qualquer pessoa a fazer isso ao aquilo, mas sim para ter a medida exata do que esta fazendo e ter a ciência de que haverão repercuções.

      No que se refere ao ritual encontraremos alguma dificuldade em distinguir o que é ritual e o que não é, o que é sagrado e o que é fútil. O fato é que o ritual intensifica ao máximo as capacidades humanas, o ritual é utilizar o 100% de suas habilidades físicas, mentais e espirituais. A vida em si, é corriqueira e parece monótona e mecanicista quando comparada à elementos ritualisticos que são mais intensos e significativos, no entanto é possivel prosseguir num estado de percepção ampliado mesmo após o fim do ritual, o que faz com que tomemos todo e qualquer momento como de extrema significância, simbolismo e importancia espiritual, parece então que há um momento em que o ritual se impregna em tudo, e que tudo passa a ser um ritual de extremo significado. Por isto é bastante difícil encontrarmos alguma delimitação entre o que é um ato magistico ritualistico e o que não é... do ponto de vista espiritual tudo é sagrado, e com a percepção alterada isto é claro e visível, notamos a conexão direta entre todas as coisas. Deste modo tudo o que acontece dentro de uma religião também pode acontecer fora, no entanto de uma maneira dissimulada e não explicada. Parece um subterfugio para falarmos em conspirações ou pessoas que percebem elementos únicos enquanto outros não perceberiam mais que 5%, e de fato a percepção humana não é igual de pessoa para pessoa, cada pessoa percebe elementos em intensidades diferentes, o homen que encontrou sua natureza divina já têm uma percepção de 100% dos elementos simbólicos do histórico de sua vida pessoal, em tal nível que ele se vê como o centro do Universo de sua vida, numa dialética e numa linguagem que se comunica sempre diretamente com ele: por isso ele consegue fazer uma leitura direta de tudo: seja um filme, uma pessoa falando, um livro ou elementos e acontecimentos que o circundam. Em tudo existe uma leitura que leva ao conhecimento da situação atual... tudo são sonhos, desejos, vontades, idéias, objetivos para se chegar a determinados fins. Em suma: são os sonhos e as idéias organizadas que partem dos desejos que constróem a realidade. Não me refiro aqui às ações diretas das pessoas que interferem nas coisas, ainda que isto seja considerado como o principal, mas antes das ações os sonhos e desejos têm uma capacidade de materializar acontecimentos, fatos e coisas sem a necessidade de uma interferência por ações na matéria. É assim que o mago quebra o paradigma da matéria pois age de maneira direta sonho-realidade sem passar pela necessidade de ações materiais para a construção da realidade. Isto não significa que ele não tenha ações, no entanto as ações são as caracteristicas do herói, enquanto o mago faz o elo de sonhos-matéria, ainda que possamos encontrar magos muito ativos, com caracteristicas de herói. Para alguns as idéias, sentimentos, sonhos, desejos e criatividades ( quando ativados magisticamente ) são tão poderosos que têm a capacidade de criar a própria realidade material, mental e espiritual. O que faz passarmos uma profunda revisão em nossos conceitos do que possa ser efetivamente a realidade, deixando absolutamente para trás conceitos antigos.

     Toda magia é como uma comida, leva um tempo para ser digerida, e dependendo da magia ela requer mais ou menos tempo para este processo de absorção e efetivação dos resultados. É importante que o mago consciente disto saiba esperar este tempo adequadamente para que seu padrão aurico absorva adequadamente os resultados, do contrário você pode entrar num turbilhão inesgotável de imagens, direções, objetivos e energias que faz com que percamos as bases sólidas de um direcionamento consciente. Não temos o objetivo de entrar nesta montanha russa, mas sim de compreender com cautela e foco o que estamos fazendo, para que possamos justamente fazer a manutenção do foco... o que constitui um treinamento para o domínio da magia em questão.

      A magia é exatamente igual à um caldeirão no qual vão se acrescentando os ingredientes, nossa aura, para ser mais especifico se preenche dos elementos que estamos “trabalhando”, no entanto não é difícil deixarmos de compreender ou ser conscientes de quais energias exatamente estão fluindo atravéz de nossa aura. Esta incompreenção ou falta de definição pode ser devida à diversos fatores tais como mudanças constantes na aura sem dar o devido tempo de absorção total da energia e do subsequente assentamento destas energias na aura e no corpo, não bastando ser este um fator que contribua para nossa falta de consciencia do que esta ocorrendo o outro fator é o excesso de misturas de simbolos, padrões energéticos, programações mentais e elementos em si. Ou seja: são basicamente duas coisas que podem atrapalhar ou confundir o mago: 1) excesso de mudanças sem o tempo de absorção e assentamento de uma realidade especifica 2) excesso de ingredientes na receita, que podem porventura não combinarem entre si.

      Para corrigirmos este processo é necessario saber trabalhar magicamente, e compreender como na verdade tudo praticamente seja a magia propriamente dita ou elementos da vida diaria corresponde a padrões eletromagneticos que podem ser absorvidos pela aura e até por partes mais profundas do corpo ( principalmente estômago ), saber trabalhar magicamente implica ser consciente do que entra e do que sai de sua aura e de que maneira você consegue controlar este processo conscientemente, e ainda mais: quais são as consequencias de cada elemento que entra ou sai num nivel de elementos da realidade interna ou externa. Por isso que ao mesmo tempo que falamos de magia falamos de realidade, pois começamos a compreender de que maneira a magia interfere nos padrões comportamentais de nós mesmos ou dos outros, pois esteja consciente de que você é tudo que te cerca e toda alteração interna é também uma alteração externa, seja das pessoas, coisas, fatos, acontecimentos, fenomenos naturais, frases proferidas, historias seja do passado, presente ou futuro, ou seja tudo pode ser mudado e tudo pode acontecer inclusive elementos de novidade nunca antes vistou, conhecidos ou presenciados.

      Saber lhe dar com magia é conseguir controlar todo este processo de alteração da realidade, em potencial você pode ser tudo, ou seja: pode trabalhar com diversos aspectos de sua pessoa, de seus arquétipos. Para melhor compreendermos a magia é necessario um treinamento no qual a pessoa saiba manter um foco especifico por um tempo sulficiente para ela perceber que esta dentro de um determinado padrão de idéias, conceitos, comportamental e energético, pois caso ela mude muito rapidamente e constantemente ela não têm o tempo para reconhecer estes padões, e isto pode causar falta de foco, objetivo ou confusão: é por este motivo que os rituais são organizados, padronizados e dotados de métodos que procuram concentrar-se em focos especificos. Outro fator já citado é fazer da utilização de diversos elementos que apesar de diferentes têm funções similares visando o mesmo objetivo. A capacidade do mago de manter a melhor integração dos elementos segundo o objetivo almejado, e manter o mesmo foco pelo maior tempo possivel pode ser o diferencial entre bons resultados no procedimento. Isto acontece porque o mago sempre se pergunta o que é realmente cada coisa em si e por si, qual a essencia de cada coisa? De que modo estas essencias podem ter a mesma função, seja com uma interferencia linguistica, simbolica, mitologica ou seja o elemento por si mesmo em sua naturalidade, pois considera-se que uma serie de elementos possam existir por si só, e ter intencionalidade própria. É assim que ainda que o mago possa interferir diretamente nas coisas com seu campo dialético ele também considera a natureza química, física e intencional das coisas, reconhecendo também com isso que existam poderes exteriores a ele que podem ser ascessados e utilizados.

      O processo de percepção simbólica é o caminho mais natural do ser, deve-se para isto saber o que é cada coisa e o que exatamente esta dentro de você, ou de seu campo aurico, para isto devemos aprender a nos completar a aura com apenas um elemento seja este terra, fogo, água ou ar dentre muitos outros elementos e padrões energéticos ou entidades e seres existentes. Só ponha algo para dentro se você tiver certeza que consegue tirar ou descarregar, para não ficar com encrenca, acredito que um mago consciente é tão auto sulficiente quanto precavido e comedido.

      É fundamental compreendermos os elementos do eletromagnetismo, pois deste modo melhor compreenderemos o que significa a “incorporação”  de entidades ou energias que correspondem a simbolos, padrões de percepção e padrões comportamentais especificos: deste modo notamos em que proporção uma incorporação interfere no ser humano!

      Existem diversos niveis de energia no Universo, e mais especificamente na Terra, estes niveis de energia podem ser mais ou menos densos, assim como as cores que variam em suas frequencias, também variam os niveis energéticos. Incorporar alguns niveis energéticos pode ser mais dificultoso do que outros, exigindo do mago determinadas habilidades para assimilar completamente aquele nivel energético tanto em sua aura quanto em seu próprio corpo, considero que a incorporação de um determinado nivel energetico possa chegar numa proporção propriamente corporal ou fisica, praticamente entrando não somente na aura do mago como também em seu próprio corpo, e para isso os órgãos internos, ossos e musculos são assimiladores de padrões energéticos, o que explica a íntima relação entre magia e biologia, considerando todos os tipos de sintomas fisiológicos como repercussões de fluxos energéticos através do corpo ou mesmo não necessariamente fluxos mas também depósitos de energia.

     Há energias extremamente físicas com a correspondencia das cores preto e vermelho, e nem sempre é fácil sustentar a manutenção deste padrão energético no organismo, o que depende do mago compreender perfeitamente qual é o comportamento dos fluxos eletromagnéticos atravéz da parte exterior do organismo e principalmente de que maneira estes fluxos penetram no corpo. A compreensão deste processo depende do nível perceptivo do mago, o que é desenvolvido atravéz da própria magia, através deste processo o mago compreende de que maneira os movimentos e posições corporais influenciam nos fluxos energéticos, e pode assim fazer intencionalmente com que uma energia vá em uma determinada direção atravéz de seu próprio organismo, o que não é fácil na verdade, pois as proprias energias do organismo geralmente apresentam conflitos ou incongruencias internas, e trabalhar com estas incongruencias para homogenizar a energia é um trabalho difícil que requer uma série de movimentos e trabalhos respiratorios além do uso de aparatos como bebidas, pedras ou colares... Tudo é simbolo e tudo é arquétipo, cada fluxo energético corresponde a um padrão arquetipo, interferindo ao mesmo tempo na realidade externa, já que não há diferença entre interno e externo. O mago controla o que acontece ao seu redor através do controle de seu próprio eletromagnetismo, reconhecendo-se como Divindade, duvida também do aspecto material da matéria, reconhecendo-a mais como uma resultante de fenomenos mentais, simbolicos ou dialeticos que qualquer outra coisa.

     São necessarios muitos trabalhos de homogenização do campo aurico e de propriamente incorporação de energias no corpo do mago para a compreenção e manutenção de um estado de energia funcional para a magia, do contrario podem apresentar-se muitos conflitos eletromagneticos na aura, e estes conflitos ou distoancias dificultam a propria incorporação. Não é a toa que todo mago se apresenta em geral com muitas roupas e adereços, os quais auxiliam na manutençao de seus aspectos energeticos, ele sabe justamente o porque das roupas, e qual a resultante e significado de cada um de seus artefatos e adereços. Estamos muitas vezes distantes de compreender o grau de complexidade de um mago, já que ele já quebrou uma infinidade de paradigmas da realidade, ele esta a um so tempo dentro e fora do convivio social pois esta sempre além da percepção comum das coisas, ainda que para ele aquilo seja “o comum”.


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Tomas More (1478 - 1535)

          Em sua obra Utopia - que pode ser traduzido como lugar que não existe ou lugar feliz que não existe - Tomas More descreve um imaginário reino situado em uma ilha. Nessa ilha vive uma sociedade ideal que pode ser vista como o oposto idealizado da Europa contemporânea de More ou uma sátira dessa mesma sociedade.

            A obra de More se divide em duas partes, na primeira chamada de Cidade Real o autor faz uma análise crítica sobre a economia e a política da Inglaterra de sua época. Nessa análise More se posiciona contra a pena de morte para os crimes de furto, que tinham aumentado devido ao desemprego e à fome causada pelo aumento da produção de lã para as indústrias têxteis.

            A causa de toda essa situação de pobreza e criminalidade é a propriedade privada e More propõe a sua abolição e a divisão dos bens materiais de forma igualitária.

            Na segunda parte do livro More descreve a Cidade Perfeita existente na ilha Utopia, que se assemelha à Inglaterra. Na Utopia a propriedade privada é proibida por lei e o cultivo da terra é feito em intervalos de dois anos por qualquer cidadão. Todos tem que trabalhar no mínimo 6 horas por dia e um lugar de destaque é dado ao estudo de ciência e de filosofia.

            A família monogâmica é o fundamento da sociedade utópica. As mulheres podem se casar com 18 anos e os homens com 22. O divórcio e permitido e o adultério é punido com severidade

            A tolerância religiosa é outro destaque da comunidade utópica, mas todos são obrigados a crer na Divina Providência e na imortalidade da alma. Todos admitem a existência de Deus, mas cada um pode prestar culto e adorar esse Deus conforme sua preferência. Todos podem tentar convencer os outros da verdade da sua fé, mas sem o uso da violência ou do insulto. A multiplicidade de rituais e cerimônias agrada a Deus segundo More.

            O filósofo nessa obra busca racionalizar a estrutura do estado em uma forma ideal.  A razão é que vai fundamentar a política. Ele coloca ainda que o caminho natural do homem é a busca do prazer e é pelo prazer que o homem pode chegar à solidariedade pois percebe que assim como o prazer é um bem para ele, também é um bem para os outros que convivem em sociedade e que em uma sociedade que busca o prazer todos os indivíduos podem mutuamente se proporcionar esse bem.

            Para termos uma sociedade organizada e para acabarmos com os males que atormentam essa sociedade temos que utilizar a razão e alguns elementos básicos que comandam a natureza e os homens, pois a natureza e a razão se equilibram em suas regras.

 

Sentenças:

- Os proprietários são como zangões que vivem do trabalho alheio.

- O homem não pode se separar de Deus nem a política da moral.

- Continuo fiel servidor do Rei, mas antes sou servidor de Deus.

- Os homens quando recebem um mal escrevem no mármore, mas um bem escrevem na poeira



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